Órgão é resistente e pode ficar armazenado por até 14 dias após a doação.
A cada dez transplantes realizados no Estado de São Paulo, seis são de córneas. É o que aponta o balanço realizado pela Central de Transplantes estadual, feito para marcar o Dia Nacional de Doação de Órgãos, celebrado nesta sexta-feira (27).
Somente no primeiro semestre deste ano, por exemplo, foram realizados 4.023 transplantes no Estado, sendo 2.583 especificamente de córnea. São Paulo responde por quase metade dos procedimentos feitos no Brasil, sendo o Estado que mais realiza transplantes.
A média se mantém ano a ano. Em 2018, foram contabilizados 8.171 procedimentos, dos quais 5.131 correspondiam ao tecido. Em 2017, foram 7.496 transplantes, no total, sendo 4.462 de córneas. Em 2016, 4.776 córneas foram transplantadas, entre um total de 7.681 procedimentos.
Ainda de acordo com o levantamento, 20% dos transplantes registrados no Estado foram de rins; 10% de fígado e 10% de coração. Os transplantes de pâncreas/rim, pâncreas e pulmão correspondem a menos de 1% do total, por corresponderem a uma demanda menor.
O transplante de córnea é o mais realizado pois, além de ser um tecido muito resistente, ele pode ser armazenado por até 14 dias após a doação, facilitando o trabalho das Comissões Intra-Hospitalares de Transplantes (CIHT). Essas comissões fazem a busca e identificação de doadores potenciais de órgãos e tecidos em parceria com as Organizações de Procura de Órgãos (OPOs).
“A doação da córnea pode, por exemplo, auxiliar na recuperação da visão de diversos pacientes se, além delas, a esclera e as células tronco forem utilizadas. Ela não causa qualquer tipo de desfiguração ao paciente e a retirada do globo ocular ocorre em 30 minutos”, afirma a oftalmologista do Hospital Estadual de Transplantes, Mariana Cunial.
Quem pode doar
Podem doar córnea pessoas que morreram de parada cardíaca inferior a seis horas ou morte encefálica, com idade igual ou acima de 2 anos e abaixo de 80 anos. Quem tem miopia, astigmatismo, hipermetropia, catarata, glaucoma, conjuntivite já tratada e curada também pode ser doador desse tecido.
“A conscientização da população quanto à doação de órgãos e tecidos é fundamental para que mais pessoas sejam atendidas e salvas. Cada doador pode salvar, em média, até sete vidas, doando fígado, córneas, rins, pâncreas, coração e pulmão”, destaca o Secretário de Estado da Saúde, José Henrique Germann.
Requisitos
Atualmente, a doação de órgãos deve ser consentida. Quem quiser ser doador não precisa mais incluir a informação no RG ou na CNH. Basta comunicar familiares com até o 2º grau de parentesco. Por essa razão, é fundamental haver diálogo entre as famílias sobre o desejo de ser ou não doador de órgãos.
Não pode doar o tecido quem tem linfoma ativo, leucemia, hepatites B e/ou C, HIV, infecção generalizada, raiva ou morte de causa desconhecida.
No momento, 2.814 pessoas estão à espera de córneas em no Estado. É a segunda maior demanda depois de rins (14.483), seguida por fígado (793), pâncreas/rins (400), coração (196) e pulmão (99).