A fé inabalável dos brasileiros

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Existe uma piada curiosa que representa simbolicamente a relação dos brasileiros com a fé

Um homem religioso foi à igreja todos os dias, durante 1 ano, e rezoufervorosamente, pedindo a Deus para que ganhasse na loteria. Ele era muito trabalhador, mas ganhava pouco, cuidava da mãe idosa e do filho doente.

Nunca tinha pecados, ajudava ao próximo, era um cidadão modelo. Mas a pobreza abalava sua vida e seu orçamento doméstico. Por isso, ele pedia uma ajuda divina para tentar minorar seus problemas. Tinha muita fé! Um dia, Deus desceu do altar e falou:

João, você vem aqui todos os dias e me pede para ajudá-lo. Sei que é um bom cidadão, bom filho, pai e esposo. João diz: Isso mesmo, Deus. Me ajude! Faça-me ganhar na loteria! Deus então lhe pergunta: Mas você joga? E esta alegoria revela muito sobre a relação das pessoas com o divino.

Não basta ter fé, acreditar em Deus. É preciso fazer algo para se ajudar também. Uma fé inabalável não sobrevive sem as ações baseadas nos ensinamentos religiosos. Não basta ter a bíblia na ponta da língua se não colocar os ensinamentos em prática.

O amor ao próximo, fazer o bem sem olhar a quem, o respeito às diferenças. Todos os exemplos de Jesus foram de tolerância e acolhimento. No entanto, a sociedade está cada dia mais cheia de ódio por aqueles que pensam diferente de você, cheia de intolerância por quem tem uma fé diversa e assim por diante.

A ONG Oxfam Brasil realizou uma pesquisa com brasileiros de todas as regiões do país e observou alguns resultados expressivos. Para 28% dos habitantes deste país, que participaram do estudo, a religião e a fé são as coisas mais importantes que existem para se melhorar de vida. Acima dos estudos – em segundo, com 21% – e do próprio trabalho, com 11%.

Ou seja, para mais que um quarto dos nascidos no país, nem precisa estudar e trabalhar. Basta rezar que sua vida melhora. Outros itens também foram citados, como ter acesso a saúde de qualidade, 19%; ganhar mais dinheiro, 8%; apoio financeiro da família, 5%; conseguir se aposentar, 6%; e por último, ter acesso à cultura e ao lazer, 2%.

A pesquisa foi realizada entre os dias 12 e 18 de fevereiro deste ano, com amostragem de 2.086 pessoas, e foi realizada a pedido da ONG, pelo instituto Datafolha. A margem de erro é de 2%, para cima ou para baixo, com um grau de confiabilidade de aproximadamente 95%.

Estas conclusões, de certa forma preocupantes, demonstram a importância da religiosidade na vida das pessoas. Sociologicamente – de um jeito um pouco distorcido – visto que é sabido que não adianta apenas rezar para se conseguir algo, e nem dizer apenas que a “culpa” é de Deus. As coisas não aconteceram porque assim foi a Sua vontade.

Durante muitos e muitos anos, a seca assolou o solo do agreste nordestino. Ao entrevistar os moradores dos locais atingidos, não era difícil encontrar aqueles que diziam que precisavam aceitar suas realidades porque esta era a vontade de Deus. Não se falava das condições climáticas do país, de desmatamento, dos políticos locais que lucravam com a pobreza, etc.

Observar o mesmo comportamento, atualmente, chega a preocupar. A fé é importantíssima, mas é preciso colocar em prática os ensinamentos divinos. A ciência, o livre arbítrio, o trabalho, tudo isso também foi feito ou inspirado pelos princípios sagrados.

“Não to mandei eu? Esforça-te e tem bom ânimo; não pasmes, nem te espantes, porque o SENHOR, teu Deus, é contigo, por onde quer que andares.”. Josué 1.9

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