Quase todas as mulheres são capazes de produzir leite de sobra para o bebê.
Praticamente toda mãe acha, em algum momento, que não está produzindo leite suficiente para seu filho. Na grande maioria dos casos, porém, isso não é verdade. Quase todas as mulheres são capazes de produzir leite de sobra para o bebê.
Mesmo assim, a impressão de ter pouco leite é uma das razões mais comuns para as mães decidirem adotar uma complementação com fórmula ou até desistirem da amamentação.
Acho que tenho pouco leite. O que fazer?
Se você acha que está produzindo pouco leite para o bebê, veja primeiro se se encaixa em alguns dos motivos abaixo, que costumam preocupar e confundir as mães:
-
- O peito está muito pequeno. O tamanho do peito não afeta a quantidade de leite que é produzida. Depois da primeira descida do leite, a mama se adapta e não fica mais tão cheia.
-
- Não dá para sentir o leite descendo como antes, e o peito parece mais murcho. Esse é provavelmente apenas um sinal de que seu corpo está se ajustando à quantidade de leite de que seu bebê precisa.
-
- O leite parou de vazar do peito. Isso também acontece quando a produção de leite se adapta ao padrão de mamadas do bebê. Não há problema em o peito não vazar ou em não ver o jato de leite.
-
- O bebê parece querer mamar muito mais do que antes. Pode ser um salto de crescimento normal, que acontece de tempos em tempos.
-
- O bebê mama só um pouco e já larga o peito. Alguns bebês se tornam “profissionais” e conseguem mamar e encher a barriga bem rápido. Se a criança estiver ganhando peso, não há problema.
-
- O bebê não dorme por um período mais longo. Bebês precisam mamar com frequência para crescer, e acordar muitas vezes durante a noite é normal. Mamadas noturnas ajudam a aumentar a produção de leite.
-
- O bebê não adormece depois de mamar. Conforme o bebê cresce e fica mais forte, ele tem mais energia para permanecer desperto depois de uma mamada.
-
- A mãe tentou ordenhar o leite e saiu muito pouco. O bebê é muito mais eficiente que uma bombinha ou que a ordenha manual para extrair o leite. Além disso, retirar o leite com eficiência exige prática. Se ela não for feita com a técnica correta, o leite não sai, mesmo quando a mãe tem bastante leite. Assim, ordenha não é um bom indicativo de produção de leite materno.
- O bebê está sempre irritado. Muitos bebês ficam irritados e inquietos em algum momento do dia, e pode haver muitos motivos para isso. O mais comum é essa irritação acabar indo embora depois de poucos meses, sem que se descubra a razão.
Existem casos, entretanto, em que a mãe não produz todo o leite que poderia produzir (leia mais abaixo). Mas, na grande maioria dessas situações, o problema é contornável.
Como saber se o bebê está mamando o suficiente?
O melhor jeito de saber se o bebê está bem alimentado é observando as fraldas sujas. A partir do fim da primeira semana, são ótimos sinais:
- ter pelo menos 6 fraldas molhadas de xixi por dia
- fazer dois cocôs pastosos ou mais aguados por dia, ao longo do primeiro mês. Depois disso uma criança que mama bem só no peito pode ficar vários dias sem fazer cocô, sem que haja nada de errado. É normal.
O bebê dá sinais de que está alimentado. Ele deve parecer saudável e atento ao que o cerca, quando acordado. Enquanto ele mama, procure observar se ele está engolindo.
É preciso também acompanhar o ganho de peso. Todo recém-nascido que mama exclusivamente no peito perde peso logo depois de nascer. A perda de peso pode chegar a até 10 por cento do peso do nascimento. A partir de 10 dias de vida, o bebê deve estar ganhando peso, e o ideal é que tenha recuperado o peso do nascimento com até 15 dias.
Qual é a causa da baixa produção de leite?
A produção de leite é determinada por quanto o bebê exige. Quanto mais o bebê mamar, mais leite será produzido. Se sua produção de leite realmente cair temporariamente, o mais comum é que haja como resolver.
Um dos principais motivos da queda na produção de leite é a mãe não estar colocando o bebê com muita frequência no seio. As maiores causas disso são:
-
- Mamilos machucados e doloridos e dor ao amamentar.
-
- Bebê muito sonolento, precisando de incentivo para mamar. Estimule-o mexendo nele, brincando com os pés ou as orelhas, tirando a roupa, dando um banho.
-
- Bebê que mama em horários rígidos. Experimente oferecer o peito sempre que o bebê der sinais de fome.
-
- Bebê que usa chupeta. O uso da chupeta pode estar prejudicando a eficiência da pega (causando confusão de bicos) ou reduzindo o tempo de contato da boca do bebê com o peito. Se há preocupação com a produção de leite, vale a pena reduzir ou eliminar o hábito.
-
- Bebê que mama com bico intermediário de silicone. O bico de silicone modifica a pega e elimina o contato da boca do bebê com o mamilo e a aréola, que é muito importante para a produção de leite. Assim, pela falta desse contato a produção de leite pode diminuir. Então o aconselhável seria tentar acostumar o bebê a mamar sem o bico intermediário, ou, se possível, nem começar a usá-lo.
-
- Bebê que já está de barriga cheia porque recebe complemento. Recomenda-se que o complemento de fórmula de leite, se receitado pelo pediatra, seja oferecido depois da mamada no peito, e não antes. Se o bebê já estiver de barriga cheia e ainda receber fórmula, ele tende a procurar menos o seio nos próximos horários de mamada, o que faz o corpo da mulher entender que a demanda é menor.
-
- Bebê irritado no peito, com dificuldade de fazer a pega, por ter se acostumado ao fluxo da mamadeira quando ela é usada para dar complemento de leite artificial ou leite ordenhado. Caso o complemento seja necessário, experimente então oferecê-lo em um copinho ou colher especial, e não na mamadeira, para ver se a pega se corrige e sua produção de leite aumenta.
-
- Mãe com sintomas de ansiedade e depressão. Caso isso ocorra, fale com um médico para obter apoio e tratamento, se necessário.
- Bebê e mãe passando algum tempo separados, por algum impedimento, como motivos médicos. Nesse caso, sempre que possível, a mulher deve manter o estímulo com massagens e ordenhas do leite, para que a amamentação possa ser retomada quando o afastamento terminar.
A produção de leite também pode ser afetada por algumas questões médicas na mulher:
-
- disfunções hormonais, como problemas na tireóide e cistos no ovário.
-
- cirurgia ou trauma prévios no peito, com retirada de tecido mamário.
-
- cirurgia de redução de mamas com técnica antiga, que tenha afetado o tecido mamário.
-
- cirurgia para colocação de próteses mamárias em que a sensibilidade do mamilo tenha sido afetada. Normalmente as próteses não atrapalham o aleitamento, exceto em casos em que tenha havido dano aos nervos.
-
- perda de grande volume de sangue durante o parto ou depois (a produção de leite pode ficar diminuída até que o organismo se recupere).
-
- um fragmento da placenta continuar no útero o que pode impedir a produção de leite. O problema só se resolve quando o fragmento é eliminado ou retirado. Quem avalia é a equipe de saúde que acompanha a mulher no pós-parto.
-
- determinados medicamentos, como remédios antigripais como a pseudoefedrina e a pílula anticoncepcional com estrogênio, que podem reduzir a produção de leite.
- a mãe ter diabete. Algumas mães com diabete observam que o leite demora um pouco mais a descer. Mas a amamentação é perfeitamente possível, e ajuda mãe e bebê a regularem os níveis de glicose.
Procure baixar a ansiedade se não houver motivo físico para comprometer a amamentação. Na grande parte dos casos, se há um problema, ele não está na produção do leite, e sim no quanto o bebê consegue extrair.
O que fazer para aumentar a produção de leite?
Há medidas simples que você pode tomar se achar que está com pouco leite:
-
- Tenha certeza de que o bebê está fazendo a pega corretamente. Se não tiver certeza, busque ajuda especializada (pediatra, banco de leite público, consultoria de lactação).
-
- Deixe o bebê mamar sempre que ele quiser, e por quanto tempo ele quiser, em livre demanda, seja de dia ou à noite. Preste atenção aos sinais de fome.
-
- Aumente o tempo do contato pele a pele com seu bebê. Dê muito colo, use um sling. Algumas mães experimentam tomar banho junto com o bebê. O contato pele a pele estimula os hormônios envolvidos na produção de leite.
-
- Espere o bebê soltar naturalmente o peito. Só então, e se o peito parecer mais leve, ofereça o outro seio.
-
- Evite ao máximo o uso de chupeta, para que ele passe bastante tempo sugando e estimulando o seio, e não se atrapalhe com a pega.
-
- Não complemente a amamentação com fórmula de leite artificial, a não ser em último caso, sob orientação estrita do pediatra. Sua produção de leite vai se ajustar à demanda do bebê. Se você saciar a fome dele com a fórmula, ele não vai exigir tanto de suas mamas, e sua produção de leite vai diminuir.
-
- Tente ordenhar mais leite depois de cada mamada. Quando o seio se esvazia totalmente, a produção de leite é estimulada. Se quiser dar esse leite para o bebê, não use uma mamadeira, e sim um copinho ou colher especial.
-
- Beba bastante água. A hidratação é importante para a produção de leite. Se a sua urina estiver bem clarinha, é sinal de que você está tomando água suficiente.
- Existem muitas crendices e tradições para tentar aumentar a produção de leite. Acredita-se que elas sejam galactagogos (contribuiriam para a produção do leite), mas para grande parte delas não há estudos científicos conclusivos. Faça apenas aquilo que for inofensivo à sua saúde e à do seu bebê. Não vai fazer mal, desde que não haja exagero, por exemplo, comer canjica, tomar caldo de galinha, suco de uva.
Quanto aos chás, fitoterápicos e extratos vegetais, é bom conversar com o pediatra ou o ginecologista antes: alguns chás são contra-indicados na fase da amamentação. Não tome chás e compostos vegetais se não souber a procedência nem exatamente de que ervas eles são feitos. Lembre que ervas têm compostos químicos com efeitos muitas vezes semelhantes a remédios.
Posso tomar remédio para aumentar o leite?
Alguns medicamentos têm realmente efeito de incentivar a produção de leite. Muitas vezes é um efeito colateral do remédio que foi criado com outro objetivo. Esses remédios provocam a elevação dos níveis de prolactina no sangue. A prolactina é o hormônio responsável pela produção de leite logo após o parto.
O perigo é que esses remédios também podem ter reações negativas. Só tome medicamentos por orientação médica, pois nem sempre eles são adequados ao seu caso, e não deixe de tentar as outras estratégias primeiro.
O uso desse tipo de medicamento para aumentar a produção de leite pode não ser “oficial”, ou seja, não vai estar especificado na bula. Esse é mais um motivo para você jamais se automedicar. Só o médico sabe se você pode ou não tomar o medicamento, mesmo que tenha dado certíssimo para a sua prima, vizinha ou irmã.
Meu bebê será prejudicado se mamar menos do que deve?
Se o bebê não obtiver o volume de leite de que precisa, terá dificuldade em ganhar peso e crescer, o que pode afetar o desenvolvimento físico e mental dele.
Há também o risco de desidratação. Se você achar que ele não está engordando, ou sentir que está até emagrecendo, procure o pediatra.
Na maioria dos casos, a orientação sobre a amamentação já é suficiente para resolver o problema (junto com muita calma e paciência). Mas em outros a perda de peso pode indicar algum problema de saúde com a criança.
Foto: Aline Guerra
Tem uma sugestão de reportagem? Nos envie através do WhatsApp (19) 99861-7717.