Acusado de matar a ex é inocentado após ficar seis meses preso em SP

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Juiz considerou a improcedência da acusação por falta de provas que ligassem réu ao crime. Homicídio de Thaynara Momberg Rodrigues, de 20 anos, continua sem solução.

Por G1 Santos

A Justiça julgou improcedente a denúncia contra o mecânico Jonathan Lins da Silva, de 22 anos, apontado como o autor do homicídio da ex-namorada, a cozinheira Thaynara Momberg Rodrigues, de 20 anos, em São Vicente, no litoral de São Paulo. O acusado chegou a ficar preso por seis meses, mas a falta de provas que o ligassem ao crime motivaram a interrupção do processo.

Thaynara foi encontrada morta em um matagal no bairro Samaritá em agosto de 2017. A jovem permaneceu desaparecida por quase uma semana e buscas foram feitas pela polícia para tentar localizá-la. A investigação da Delegacia Antissestro (Deas) de Santos apontou Jonathan, também pai da filha da vítima, como autor. Ele teve a prisão decretada, mas foi solto.

A sentença do juiz Rodrigo Barbosa Sales, da 3ª Vara Criminal de São Vicente, considerou o “impronuncio” em favor do réu, que era acusado de matar a jovem por motivo torpe, mediante traição ou emboscada, e por caracterizar feminicídio, já que havia histórico de violência doméstica. 

A impronuncia é a decisão em primeira instância quando o juiz, deparando-se com elementos apresentados, entende que não há prova suficiente que aponte o réu como o responsável pelo crime ou quando não há materialidade clara para levá-lo até o julgamento. O Ministério Público também requereu a improcedência da acusação.

“Quanto à autoria, não foram trazidas provas cabais, nem mesmo indícios levantados em sede inquisitoriais foram constatadas em juízo. A própria genitora da vítima, que inicialmente apontava para o réu como autor do fato, mudou sua versão em juízo para isentar sua responsabilidade sobre o fato”, escreveu o magistrado na sentença.

O juiz Rodrigo Barbosa Sales ainda considerou que as testemunhas do caso “nada esclareceram sobre o ocorrido”, que o réu “negou de forma veemente a conduta” e que também não foram identificadas outras pessoas que pudessem ter colaborado para com o homicídio. O magistrado determinou, ainda, o arquivamento do processo.

Inocente

O advogado Douglas Blum de Lima, que defende Jonathan no caso desde o início do processo, declarou que o cliente era inocente. O defensor explicou que o cliente e Thaynara mantiveram um relacionamento amoroso “conturbado” por cinco anos, mas que o caso não era estável. O casal teve uma filha, hoje com 2 anos, que está sob a guarda da avó paterna.

Jonathan foi preso em 9 de novembro de 2017 e recebeu o alvará de soltura em 16 de maio de 2018, após audiência do juiz em que a defesa pediu para que o réu respondesse em liberdade justamente pelas provas colhidas, até então, não serem claras o suficiente para mantê-lo na cadeia. A solicitação foi acolhida e sentença ocorreu quase um ano depois.

Pela denúncia apresentada pelo Ministério Público, a partir da investigação da Polícia Civil, Jonathan matou Thaynara depois que ela havia pego dele uma quantia em dinheiro para fazer uma festa de aniversário da filha. O homicídio também teria ocorrido com o auxílio de dois homens, conhecidos como “Linguiça” e “Magrão”, que nunca foram identificados.

“O juiz impronunciou, mas ainda não o absolveu. Caso ocorra alguma nova prova que possa apontar o real autor do crime, o processo deverá ser continuado. Por hora, meu cliente não pensa em processar o Estado, por ter sido preso injustamente, mas quer a solução do crime. Alguém matou a mãe da filha dele”, afirmou o advogado de defesa.

O 6º Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior (Deinter), responsável pelo comando da Polícia Civil na Baixada Santista, informou por meio da Segurança Pública (SSP), que o caso foi relatado à promotoria paulista em dezembro de 2017 e, desde então, não houve solicitação para a reabertura das investigações.

Desaparecimento e morte

De acordo com familiares da vítima, em 15 de agosto de 2017 a jovem disse à mãe que iria a um mercado, mas desapareceu. Segundo o parente, a menina saiu de casa por volta das 19h30 e não foi mais vista. Seis dias depois, após a divulgação do sumiço e campanha nas redes sociais, o corpo foi encontrado em um terreno abandonado.

Segundo a mãe da jovem, Patrícia Momberg, que encontrou a garota, ela estava com sinais de estupro. “Eu a encontrei em um matagal e tudo indica que houve violência sexual. As investigações vão concluir. No momento, só quero ter força para cuidar dos meus netos e para ajudar a encontrar a pessoa que fez isso”, disse na época do crime.

Por conta das evidências iniciais, o caso passou a ser investigado pelo setor de Homicídios da Delegacia Antissequestro de Santos e não mais pela Polícia Civil em São Vicente. Segundo os investigadores, a jovem já estava morta há vários dias, já que o corpo estava em estado de decomposição. O caso, diante dos novos fatos, segue sem solução.

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