Acusados seguem foragidos 6 meses após morte de jovem por R$ 15 em balada de SP

Dono do estabelecimento, Vitor Alves Karam, e o chefe da segurança, Anderson Luiz Pereira Brito, continuam foragidos. — Foto: Reprodução
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Dono do estabelecimento, Vitor Alves Karam, e o chefe da segurança, Anderson Luiz Pereira Brito, continuam foragidos. Lucas morreu após 22 dias internados na Santa Casa de Santos, no litoral de São Paulo.

Por Andressa Barboza, G1 Santos

Há seis meses a vida dos pais e familiares de Lucas Martins de Paula não é mais a mesma. A rotina sem o jovem, que morreu aos 21 anos após ser espancado em uma casa noturna em Santos, no litoral de São Paulo, é dolorida e a sensação de impunidade paira sobre o casal que espera a prisão dos dois dos quatro indiciados pelo crime que continuam foragidos.

Lucas Martins de Paula, de 21 anos, segue internado em estado grave em hospital de Santos, SP — Foto: Arquivo Pessoal

Lucas foi agredido durante a madrugada do dia 7 de julho de 2017, dentro e fora do Baccará Bar e Backstage, no bairro Embaré. Segundo amigos do jovem ouvidos na época, Lucas foi ao caixa para pagar a conta, quando notou a cobrança de R$ 15 a mais na comanda, correspondente a uma cerveja. Os seguranças foram chamados e a confusão teve início. Após a agressão, Lucas ficou 22 dias internado, mas não resistiu aos ferimentos.

Seis meses após a morte do filho, Isaías de Paula ainda amargam a sensação de impunidade. Quatro pessoas foram indiciadas por homicídio qualificado. O principal agressor, Thiago Ozarias, e um outro segurança, Sammy Barreto Callender, já estão presos. Já o dono do estabelecimento, Vitor Alves Karam, e o chefe da segurança, Anderson Luiz Pereira Brito, continuam foragidos.

O pai de Lucas, Isaías de Paula, pede Justiça pela morte do filho — Foto: Andressa Barboza/G1

“Eles estão confiantes de que nada vai acontecer com eles. Eles estão há seis meses foragidos, ninguém sabe onde eles estão? Não tem escuta telefônica, ninguém fala nada. Como eles estão se virando? Não tem informações de transação bancária? Não é possível, não conseguimos entender”, desabafa o pai de Lucas.

Isaías conta que a rotina da família, após a morte do jovem, nunca mais foi a mesma. A mãe de Lucas, Claudia Cristina de Paula, tem acompanhamento psicológico e toma medicação diariamente.

“Lutamos diariamente. A gente acorda chorando e vai dormir chorando. Não conseguimos fazer as coisas do dia a dia tranquilos. Não temos a mesma vida. Não conseguimos planejar mais nada, parece que tudo acabou. A forma como nosso filho foi arrancado da gente é terrível”, conta.

Além da sensação de impunidade, com os dois suspeitos ainda foragidos a família de Lucas teme pela própria segurança. “Eles são influentes, não sabemos o que podem fazer contra a gente. Por isso pedimos que, por favor, quem souber onde eles estão, denuncie”, pede.

Dono do estabelecimento, Vitor Alves Karam, e o chefe da segurança, Anderson Luiz Pereira Brito, continuam foragidos. — Foto: Reprodução

Audiência

Uma audiência sobre o caso já foi realizada no Fórum de Santos. Thiago Ozarias, o segurança flagrado nas imagens golpeando Lucas 12 vezes, confessou o crime, mas sustenta a versão de que seus golpes não foram determinantes para a morte do jovem. Já Sammy, outro segurança suspeito de participação, nega que tenha participado do crime. O advogado diz que o réu foi o último a sair da casa noturna e estaria imobilizando um amigo de Lucas enquanto Thiago agredia o jovem. A expectativa da defesa da família de Lucas é que todos os réus sejam levados a júri popular e que a decisão saia nos próximos dias.

Baccará fechado

Fiscais da prefeitura intimaram os proprietários do bar e casa noturna Baccará a encerrar as atividades, quatro dias depois das agressões. “O estabelecimento teve o alvará de funcionamento negado, em virtude de suas instalações descumprirem a legislação municipal”, informou a municipalidade, em nota.

Segundo a chefe da Seção de Fiscalização Dirigida, Gisleine Pontes, que coordenou uma vistoria com integrantes da Secretaria de Finanças (Sefin), Vigilância Sanitária, Guarda Municipal e Ouvidoria, a casa possui estrutura irregular. Caso a ordem seja desobedecida, poderá ser aplicada multa de até R$ 10 mil.

Porta do Baccará Backstage amanhece pichada após morte de Lucas. — Foto: G1 Santos

Documentos indicam, entretanto, que a Prefeitura de Santos nunca emitiu um alvará definitivo para o funcionamento legal do local. Após a repercussão do caso, fiscais da municipalidade intimaram os proprietários a encerrarem as atividades até que adequações sejam feitas no imóvel.

Após o crime, a casa noturna foi reaberta com outro nome, mas funcionou somente por um fim de semana, fechando as portas novamente por conta da pressão da população.

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