Adocicada e ardida, conheça a Maria bonita, nova pimenta desenvolvida no Brasil

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Variedade foi desenvolvida pela UFSCar e produção de sementes em escala comercial deve ocorrer ainda neste mês. Saiba como ela é.

A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no interior de São Paulo lançou uma nova variedade de pimenta que está agradando agricultores e chefes de cozinha: a Maria bonita. A novidade surgiu para melhorar as características da pimenta biquinho, é como se a Maria Bonita fosse a “neta” dessa variedade, sendo 4 vezes mais pesada.

“Ela é altamente produtiva, por exemplo, produz o dobro da biquinho e apresenta frutos maiores, o que facilita a colheita”, explica o engenheiro agrônomo da UFSCar Fernando Sala, responsável pelo desenvolvimento da variedade.

O nome da pimenta, diz o pesquisador, surgiu para homenagear as mulheres do Brasil. Afinal, Maria é o nome feminino mais popular que existe e bonita é um adjetivo perfeito para as brasileiras.

No campo

Cada pé de Maria bonita rende de 10 a 12 kg de pimenta e pode produzir por até um ano. Da semente até a muda, são 30 dias e, depois de plantada na lavoura, demora mais 60 dias para realizar a primeira colheita.

A agricultura Mônica Portella foi a primeira a produzir a pimenta e gostou do resultado. Ela fez o plantio de 2 mil pés há um ano e agora vai dobrar a plantação.

“Ela já é um xodó nosso. Todas as pessoas que entraram em contato com os produtos e com a Maria bonita tem se demonstrado bem positivo com relação ao paladar e a estrutura que apresenta”, diz.

A pimenta que sai da lavoura vai para a agroindústria da Mônica, que tem 3 funcionárias que fazem o processamento de 200 kg de Maria bonita por dia.

No paladar

A Maria bonita tem uma coloração vermelha bem chamativa e, no paladar, o sabor mistura um pouco de doce com o ardido.

Mônica já está vendendo a pimenta in natura e outros produtos beneficiados em São Paulo. O Globo Rural visitou o restaurante do chef César Costa, que já usa a Maria bonita para conhecer algumas receitas com ela.

“A gente adorou o produto logo de cara. Ela tem características únicas que se torna uma especiaria para a gastronomia, e a gente começa a fazer vários testes”, diz.

Larga escala

As características da Maria bonita chamaram a atenção de uma empresa, que fez parceria com a UFSCar para produzir sementes da variedade em larga escala. Os royalties da comercialização vai para a universidade.

A expectativa é que sejam produzidos de 10 a 15 kg de sementes de pimenta só neste ano, isso corresponde a cerca de 4 milhões de plantas.

A empresa está em fase final de produção dos primeiros lotes da semente e devem chegar ao mercado ainda neste mês.

Pimentas no Brasil e no mundo

São mais de 35 espécies de pimenta espalhadas pelo mundo, com milhares de variedades. Desde as mais conhecidas, como a dedo de moça, até as ornamentais.

As pimentas fazem parte da história da humanidade, há evidência de que elas já estavam presentes entre os povos andinos, há cerca de 4 mil anos antes de Cristo.

No Brasil, elas já eram consumidas muito antes da colonização portuguesa e foram domesticadas pelos índios, principalmente na Amazônia. Por muitos anos, eles foram os verdadeiros guardiões de algumas espécies.

Hoje em dia, as pimentas são cultivadas em sua grande maioria por agricultores familiares.

“A gente estima que a área de produção de pimenta no Brasil é em torno de 5 mil hectares, mas não há dados oficiais”, diz Fernando Sala, da UFSCar.

O Brasil tem duas espécies importantes: a Capsicum baccatum, que tem a dedo de moça como representante e a Capsicum chinese, da qual a pimenta biquinho, “avó” da Maria bonita, faz parte.

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