Segundo a mãe, garoto teve febre e não conseguiu dormir direito após as agressões.
A advogada dos pais de um bebê de 1 ano e quatro meses que voltou de uma creche municipal com machucados e marcas de mordida, em Piracicaba (SP), avalia que houve negligência e abandono no caso. Os pais registraram um boletim de ocorrência e, nesta quinta-feira (12), a criança fez exame de corpo delito no Instituto Médico Legal (IML) da cidade.
O bebê foi deixado com outras crianças maiores na Escola Municipal Larissa Rossetti Travaglini, no bairro Castelinho, e duas teriam mordido o menino, segundo a escola. No momento, todos estavam sob a supervisão de um funcionário auxiliar, enquanto as professoras faziam uma reunião de estudo.
“Tem uma responsabilidade aí de negligência, de abandono dessas crianças, delas ficarem sozinhas durante um período sem que ninguém estivesse cuidando, porque se tivesse pelo menos a auxiliar da classe presente, imediatamente ela veria essa situação”, avaliou a defensora Rai de Almeida.
A criança frequentava a creche desde os quatro meses de idade. Agora, a unidade vai ser investigada. A coordenadora de educação infantil e duas supervisoras vieram até a unidade para conversar com a equipe que trabalha na escola e apurar o que aconteceu. Mas a Secretaria Municipal de Educação de Piracicaba ainda não disse que providências serão tomadas sobre o caso.
“É muito grave isso e o estado tem que responder por este fato”, acrescentou a advogada.

‘Não dormiu direito’
Pelas fotos enviadas pelos pais é possível ver várias marcas nas costas e no rosto.
“Esta noite ele não dormiu direito, ele teve febre. Às vezes ele fica esticando o corpinho, com dor, aí a gente não sabe o que está sentindo, o que tem. Tinha hora que ele ficava esticando o corpo e eu ficava preocupada, achando se ele estava com alguma coisa quebrada”, relatou ajudante de produção Letícia Rocha Soares, mãe do bebê.
“Ele está até meio roco de tanto que ele chorou ontem. Acho que de tanto que ele gritou. […] Foram ver a hora que ele já estava todo arranhado”, acrescentou Letícia. Os pais o levaram para um hospital da cidade, onde passou por atendimento médico e foi liberado.
“A partir da hora que eles ligaram aqui em casa, a gente achou que era uma mordida de leve, igual já aconteceu uma vez, aí a gente chegou lá e vê a situação assim, dá um desespero”, lamenta o ajudante de produção Nedir Soares Luiz, pai do garoto.
Ainda que a resposta venha, Letícia está decidida a não levar mais o filho para a creche. Ela disse que prefere deixar o trabalho e diminuir o orçamento da casa a correr o risco de ver o filho ferido de novo. “A gente quer justiça né, porque a gente deixa o filho da gente em uma escola pública para acontecer isso aí. Eu não sei o que aconteceu”.

O que diz a prefeitura
A Secretaria Municipal de Educação informou que apura o que aconteceu na escola. Também explicou que o menino estava no berçário 2, que tem duas classes com oito e sete crianças. Cada classe tem uma professora e o apoio de mais uma monitora.
