Maioria dos casos está relacionada ao padre Pedro Leandro Ricardo, afastado da Basílica de Americana, mas há denúncias contra outros membros do clero. Párocos negam os abusos e Diocese diz que investiga.
Por G1 Campinas e Região e EPTV 2
O advogado que representa vítimas de abuso sexual que teriam sido cometidos por padres vinculados à Diocese de Limeira (SP) vai pedir à Igreja Católica indenização de ao menos R$ 2 milhões para cada uma das vítimas.
A maioria dos casos está relacionada ao pároco Pedro Leandro Ricardo, afastado da Basílica Santo Antônio de Pádua, de Americana (SP), mas há denúncias envolvendo outros membros do clero.Os padres negam os abusos e a Diocese diz que investiga os casos.
Segundo o advogado, ainda não há um número fechado de vítimas, uma vez que novas denúncias estão aparecendo e envolvem outros nomes.
Além da investigação da Diocese de Limeira, o padre Pedro Leandro Ricardo é alvo de inquéritos nas cidades de Americana, Limeira e Araras, mas o caso corre em segredo de Justiça.
Novas denúncias
Uma das vítimas dos padres vinculados à Diocese de Limeira contou que os abusos ocorreram quando tinha entre 16 e 17 anos, época em que estava no seminário. O homem que está casado há quatro anos e tem uma filha pequena, conta que decidiu denunciar o caso após ver os relatos de outras vítimas. “Senti que era hora de me juntar a elas”, disse.
Ex-coroinha, ele relata que sofreu primeiro com a aproximação do padre Carlos Alberto Rocha, e depois do padre Pedro Leandro Ricardo.
“Estava no seminário quando tive o primeiro contato com o padre Carlos. Foi como um pai, no começo foi tudo bem. Mas com o decorrer do tempo começou umas atitudes estranhas. Eu pousava na Casa Paroquial em decorrência das missas que a gente fazia no fim de semana, e um dia ele ele estava só de cueca, veio colocar a mão em mim, nas minhas partes íntimas, e comecei a ficar constrangido com isso. Isso foi por um bom tempo, até o dia em que ele pegou no meu pênis”, conta.
Segundo a vítima, a relação de poder exercida pelo padre sobre o seminarista deixava-o em situação delicada. “Ele [Carlos] comentava que eu deveria ficar quieto e entender como era o funcionamento da Igreja”, afirma.
Sobre o padre Pedro Leandro Ricardo, o homem conta que o abuso teria ocorrido quando tinha 17 anos, durante uma viagem dos dois para a cidade de Porto Ferreira (SP). “Ele veio colocar as mãos nas minhas partes íntimas e eu pedi para parar. Ele perguntou ‘se eu não gostava desse tipo de carinho’ e eu disse que não. Depois ele foi no seminário se explicar, e disse que eu não tinha entendido a intenção real dele”, destaca.
“Isso [abuso] foi muito impactante pra mim, porque era meu sonho ser padre. Eu cresci na igreja, fui coroinha, tinha aquele sonho de poder ajudar as pessoas e via nessa vida de sacerdote, essa possibilidade. Coisa que eles mataram. Eles mataram dentro de mim essa possibilidade. Destruíram meu sonho”, completa.
O que diz a Diocese de Limeira?
Sobre as denúncias de abusos, a Diocese de Limeira divulgou nota em que informa que o padre Pedro Leandro Ricardo “encontra-se suspenso desde o dia 27 de janeiro até que todas as denúncias sejam esclarecidas, conforme observância do Código de Direito Canônico” e que “não existe nenhuma denúncia formal contra o padre Carlos Alberto da Rocha na Diocese de Limeira”, mas que “as denúncias também estão sendo apuradas, conforme observância do Código de Direito Canônico.”
Sobre o pedido de indenização que a defesa das vítimas fará à Igreja Católica, a Diocese de Limeira informou que “não irá se manifestar, no momento”.
O que dizem os padres?
A defesa do padre Pedro Leandro informou que ele nega as acusações de abuso sexual. A reportagem não conseguiu contato com o defensor do padre Carlos Alberto da Rocha. Em nota divulgada na sexta-feira, o religioso negou a acusação de abuso contra ele.
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