Vários estados já registram aumento significativo nas internações por Covid. Preocupados com possível sobrecarga dos hospitais, especialistas alertam sobre a importância de evitar contágio ao apresentar sintomas, por mais que brandos, e fazer o teste.
A maior preocupação causada pela ômicron é o fato de ela ser capaz de contaminar tanta gente simultaneamente, que mesmo um percentual baixo de doentes que venham a precisar de atendimento hospitalar, pode acabar levando a estrutura de saúde ao colapso. E isso o mundo já viu na primeira onda da pandemia.
Difícil falar em isolamento em um momento de vacinação e algumas concessões. Difícil, mas necessário, dizem os médicos. É que atualmente a pandemia avança em uma velocidade assustadora até para quem está na linha de frente desde o início da batalha, como a infectologista Rosana Richtmann, do Instituto Emílio Ribas.
“Olha que a gente não tem pouca experiência com a Covid-19. Mas eu nunca vi a explosão do número de casos que a gente está vendo, não só no nosso dia a dia, mas no mundo inteiro”, enfatiza.
A circulação da variante ômicron, facilitada pelos encontros de fim de ano, traz de volta uma preocupação que os médicos esperavam ter superado: a pressão sobre os hospitais. Eles têm visto a procura por atendimento aumentar semana após semana, dia após dia, e isso deixou em alerta sistemas de saúde de vários estados.
Em São Paulo, a média de novas internações por Covid dobrou em um mês. Em Jundiaí, no interior do estado, tendas foram montadas para atender pacientes com sintomas respiratórios, tanto de Covid como da gripe Influenza. O mesmo em Tatuí. No Tocantins e no Amapá, o aumento das hospitalizações por Covid em UTIs está perto de dobrar. E também houve alta significativa de casos graves do vírus em Sergipe.
O virologista Flávio da Fonseca diz que internações subindo significam manutenção da pandemia.
“Enquanto a gente não controlar a multiplicação do vírus na população, ele vai continuar sendo pandêmico. A gente tentar limitar a multiplicação do vírus, é benéfico nesse ponto, para a gente contribuir para que a pandemia possa acelerar para um fim”, ressalta o presidente da Sociedade Brasileira de Virologia.
O infectologista Marcelo Otsuka afirma que, apesar dos sintomas leves, a ômicron infecta muito mais gente, inclusive os já vacinados e faz as contas.
“A taxa de mortalidade de ômicron gira em torno de 1 pra mil casos. Se a gente tem 100 mil casos, significa 100 óbitos. Se nós temos 1 milhão de casos, 1.000 óbitos. Ou seja, é um número muito exagerado, muito elevado. Apesar de ser menos grave, nós temos que continuar tomando cuidando. Outros países do mundo bateram recorde de casos e internações e hospitalizações e serviços cheios novamente. E a chance de óbitos com certeza aumenta por conta disso”, destaca.
E, por isso, os especialistas são enfáticos: é preciso limitar a propagação do vírus, principalmente isolando as pessoas infectadas.
“Nós precisamos nos cuidar. Se nós temos cuidado com alguém, nós temos que manter o isolamento, nós temos que fazer o teste para ter certeza se temos ou não a infecção”, alerta Marcelo.
“Está doente? Ou está com com qualquer sintoma, mesmo que seja mínimo, não vá expor as outras pessoas. Dois: mantenha o uso da máscara em toda situação em que você não consiga manter o distanciamento social, não tenha uma ventilação adequada. E três, não deixe de fazer a vacina na hora que chegar a sua vez”, recomenda Rosana.
“É melhor a gente voltar um pouquinho atrás, voltar a nos proteger melhor e segurar um pouquinho. Porque o objetivo de todo mundo é finalizar, é findar essa pandemia. Mas, para que isso aconteça, a gente precisa contribuir”, enfatiza Flávio.