Ameaçada pelo ex-marido, mulher vive trancada em casa para se proteger: ‘É pavor’

PUBLICIDADE

Ele envia bilhetes com ordem para que ela deixe Piracicaba (SP).

Chaves e cadeados reforçados protegem uma moradora de Piracicaba (SP) do ex-marido, homem com quem ela viveu por seis anos e que, agora, a ameaça com revólver e bilhetes de teor violento. Apesar de ter medida protetiva contra ele, a mulher vive trancada em casa e cobra uma solução para poder voltar a viver sem medo.

Nem mesmo para se alimentar ela deixa a residência, que tem as fechaduras das portas e janelas reforçadas. As comidas são compradas por aplicativo e passadas por baixo do portão, segundo ela. “Os entregadores estão até acostumados”.

Violência doméstica: medidas protetivas não são garantia de proteção às mulheres — Foto: Reprodução/EPTV

A situação causou problemas de saúde, que ela trata com muitos remédios. Ela reclama que, apesar de ser vítima, vive presa enquanto o ex-marido está solto. “Sou eu com certeza [que está presa]. Ele nunca esteve preso”.

O casamento durou seis anos e, durante esse tempo, ela afirma que foi vítima de agressões. Segundo ela, o homem se tornou violento com o passar do tempo e passou a controlar a vida dela. Ele não a deixava ter contato com os parentes e amigos. Quando ela voltava do trabalho, o homem pegava o celular para saber se ela tinha conversado com a mãe.

“Eu comecei a perder amigos, porque todo lugar que ia fazia confusão com diversas pessoas e meus amigos. Eu fui me afastando de todo mundo”.

Ela afirma, também, que o ex-companheiro passava o dia no bar e voltava violento. Com isso, ela passou a registrar boletins de ocorrência, mas nada mudou. Então, veio a decisão de se separar. O término ocorreu em março de 2018.

Mulher vive trancada em casa para escapar do ex-marido em Piracicaba — Foto: Reprodução/EPTV

Ameaças

O homem, porém, não aceitou o fim do relacionamento e passou a ameaçar matar, relatou a mulher. Mesmo com a medida protetiva, que o impede de chegar a menos de 200 metros ou manter qualquer contato com a vítima, ele continou presente na vida dela.

Uma das últimas ameaças se deu por meio de bilhete arremessado com uma pedra no quintal da casa dela.

“Você tem dois dias para sair dessa cidade. A honra de um homem se lava com sangue. Avise seu amante”, escreveu o ex-marido.

Além disso, ela relata que ele possui um revólver e já a ameaçou com a arma. “Ele vai no serviço do meu filho, ele vai na casa da minha mãe, ele vai na casa do meu tio, ele vai na casa dos meu amigos, vem aqui. E eu fico a mercê”.

Bilhete foi jogado no quintal da casa da mulher em Piracicaba — Foto: Reprodução/EPTV

Pedido de socorro

Segundo ela, a medida protetiva não evitou que ele continuasse com as ameaças. Ela procura ajuda na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) e com a Polícia Militar (PM), mas diz que o homem não vai preso.

“Não resolve nada, não resolve nada. Você vai na DDM e eles falam assim: ‘A gente tem que seguir um protocolo. Beleza, só que o gatilho está na minha boca, eu não tenho esse tempo”.

“Demora uma hora para chegar. O efetivo é pouco muitas ocorrências para atender. Eles me falam que só pode pegar ele se pegar em flagrante. Ele não vai ficar esperando a polícia chegar”, diz ela. A mulher cobra, também, agilidade da Justiça.

O Tribunal de Justiça do Estado (TJ-SP) informou que os processos seguem o trâmite legal, com a necessária produção de provas e respeitando os prazos.

Chaves e cadeados protegem mulher do ex-marido em Piracicaba — Foto: Reprodução/EPTV

‘A lei é boa’, diz advogado

O advogado Paulo Braga elogia a lei que prevê medidas protetivas às mulheres, mas diz que o estado precisa melhorar em políticas públicas para que a legislação se torne mais efetiva.

“A lei é boa, a questão é que o estado não aparelhou os órgãos públicos para dar concretude à lei. Os órgãos públicos estão deficitários, não se tem efetivo, não se tem equipamento, então a lei não consegue sair do papel”, analisa.

Segundo Braga, é importante que as mulheres registrem boletins de ocorrência e reunam as provas de que os agressores estão desrespeitando as medidas protetivas. Com isso, é possível procurar um advogado particular ou a Defensoria Pública para entrar com processo judicial.

PUBLICIDADE
PLÍNIO DPVAT