Aeronave, chamada “Mriya”, ou “sonho” em ucraniano, estava estacionada em um aeródromo perto de Kiev quando foi atacada.
O maior avião do mundo, o Antonov AN-225, foi destruído durante a invasão russa da Ucrânia, segundo autoridades ucranianas, gerando alarme e tristeza entre o mundo da aviação em que a aeronave ocupa um status quase cult.
A enorme aeronave, chamada “Mriya”, ou “sonho” em ucraniano, estava estacionada em um aeródromo perto de Kiev quando foi atacada por “ocupantes russos”, disseram autoridades do país, acrescentando que iriam reconstruir o avião.
“A Rússia pode ter destruído nosso ‘Mriya’. Mas eles nunca serão capazes de destruir nosso sonho de um Estado europeu forte, livre e democrático. Nós prevaleceremos!” escreveu o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, no Twitter.
Não houve confirmação independente da destruição da aeronave. Um tweet da Antonov Company disse que não poderia verificar a “condição técnica” da aeronave até que ela fosse inspecionada por especialistas.
A empresa de defesa estatal ucraniana Ukroboronprom, que administra o Antonov, divulgou no domingo (27) um comunicado dizendo que a aeronave foi destruída, mas seria reconstruída às custas da Rússia – com um gasto estimado em US$ 3 bilhões.
“Estima-se que a restauração demande mais de US$ 3 bilhões e mais de cinco anos”, disse o comunicado. “Nossa tarefa é garantir que esses custos sejam cobertos pela Federação Russa, que causou danos intencionais à aviação da Ucrânia e ao setor de carga aérea”.
Em um comunicado posterior, a empresa disse que o avião estava no solo perto de Kiev em 24 de fevereiro em manutenção.
“De acordo com o diretor da Antonov Airlines, um dos motores foi desmontado para reparos e o avião não conseguiu decolar naquele dia, embora os comandos apropriados tenham sido dados”, afirmou.
As forças russas alegaram ter capturado o aeródromo de Hostomel, onde o AN-225 estava localizado, na sexta-feira (25). Se confirmado, o ataque marcaria um fim chocante para uma aeronave que viu mais de 30 anos de serviço desde os dias da União Soviética.
O AN-225 às vezes foi elaborado para ajudar no transporte aéreo durante crises em outros países. Após o terremoto de 2010 no Haiti, ela entregou suprimentos de emergência à vizinha República Dominicana. Durante os primeiros dias da pandemia de Covid-19, foi usado para transportar suprimentos médicos para as áreas afetadas.
Sua popularidade no mundo da aviação significava que o Antonov muitas vezes atraía grandes multidões onde quer que fosse, principalmente quando fazia aparições de estrelas em shows aéreos.
Alguns de seus fãs foram às redes sociais no domingo para expressar sua consternação com as alegações de destruição da aeronave. “Mriya – Você sempre será lembrado!” escreveu o blogueiro de aviação Sam Chui no Twitter.
Até hoje, o Mriya continuava sendo a aeronave mais pesada já construída. Alimentada por seis motores turbofan, ele tem um peso máximo de carga útil de 250 toneladas, que pode ser transportada dentro ou nas costas. Ele possui a maior envergadura de qualquer avião em serviço operacional.
Apenas um AN-225 foi construído pela empresa Antonov, com sede em Kiev, que surgiu com o projeto. Ele decolou pela primeira vez em 1988 e está em serviço desde então. A construção de um segundo avião foi iniciada, mas nunca foi concluída.
A história do AN-225 começa nos anos 1960 e 1970, quando a União Soviética estava travada em uma corrida espacial com os Estados Unidos.
No final da década de 1970, surgiu a necessidade de transportar cargas grandes e pesadas de seus locais de montagem para o Cosmódromo de Baikonur, o extenso porto espacial nos desertos do Cazaquistão que foi a plataforma de lançamento da viagem espacial pioneira de Yuri Gagarin em 1961.
A carga em questão era a espaçonave Buran, a resposta da União Soviética ao ônibus espacial da Nasa. Como na época não havia aviões capazes de transportá-lo, a empresa Antonov foi condenada a desenvolver um.