Apenas 16% dos diplomas universitários são das áreas de STEM

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Estudo da Confederação Nacional da Indústria revela que estudantes preferem humanas e ciências sociais. Especialistas alertam para déficit de qualificação em tecnologia, engenharia e matemática.

Gargalos na Educação Básica, falta de didática específica e de incentivos do Estado contribuem para a falta de interesse dos estudantes pelas áreas de STEM (sigla em inglês que significa Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática). A maior parte dos diplomas universitários, cerca de 60%, é das áreas de Humanas e Ciências Sociais, como mostra estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Não tentar reverter esse quadro atraindo a atenção dos estudantes para essas áreas pode significar um Brasil sempre a reboque dos que produzem novas tecnologias.

Em 2017, somente 15,7% da população entre 25 e 64 anos tinham o Ensino Superior completo, como revelou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2016-2017. Além do acesso limitado à universidade, a população brasileira apresenta outra importante característica relacionada à Educação Superior: os universitários não se interessam o tanto quanto deveriam pelas áreas de STEM. São apenas 16% no universo de universitários, revela pesquisa do setor da indústria. Nos países-membros da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), cerca de um em cada quatro diplomas provém das áreas de STEM.

Segundo a professora do Departamento de Administração da Universidade de Brasília (UnB) Débora Baren, isso reflete o suporte dado pelo estado para o estudante. Muitas vezes, por serem cursos mais longos, os universitários perdem o fôlego no meio do caminho. “Como sabem que é uma condição de sobrevivência das organizações no mundo moderno, dão bolsa, fazem uma série de ações sustentáveis para que esse menino ou menina consiga estar naquele ambiente. Tem coisas que se for interesse do país, que imagino que seja, porque os de ponta investem efetivamente nessas áreas, é extremamente importante que a gente identifique se é o que desejamos e como vamos fomentar isso”, afirma Débora Baren.

Engenharia, tecnologia e matemática estão entre aquelas áreas que o mercado exige maior demanda – e promete, claro, melhores salários. Já foram chamadas de “profissões do futuro” e agora pode-se dizer, literalmente, que são as ocupações do momento, que, se fomentadas, trarão um novo perfil de produtividade para o Brasil. Mais independente, inovador, capaz de solucionar suas demandas e, mais do que isso, tecnológico. “Não estamos falando de futurologia. Temos uma situação de mundo. Olha como nossa sociedade mudou, como compra pela internet. A parte de tecnologia que, inclusive, estamos começando a caminhar nisso, impressoras 3D, inteligência artificial, ou seja, não tem como a parte da ciência, matemática, engenharia, não ser um grande foco do futuro. Estamos inseridos dentro de uma sociedade do conhecimento”, frisa a especialista.

Educação profissional e a modernização

Dentro desse contexto, a educação profissional chega como uma aliada para o incentivo nessas áreas. O diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Rafael Lucchesi, explica que no âmbito dos países da OCDE houve uma intensificação ainda maior na prática do STEM dentro do ensino médio com foco, justamente, na ampliação da educação profissional; e no ensino superior com o incentivo às habilidades de engenharia, física e matemática. “A educação profissional e exatamente o STEM, STEM na veia. Tanto na educação técnica como na educação superior é uma agenda importante. A lógica que se está estabelecendo na agenda de políticas públicas dos países desenvolvidos e emergentes mais bem-sucedidos têm sublinhado isso e com resultados importantes na adequação em vista dos outros países”, pondera Lucchesi.

O esforço do país, segundo o diretor, deve ser no caminho de fortalecer a educação, com inclusão da educação profissional, para a partir daí permitir o desenvolvimento qualitativo das áreas de STEM. Tudo será um desafio. No Brasil, a educação profissional ainda é escolha de poucos. Em 2016, apenas 9,3% dos estudantes do ensino médio optaram pelo ensino médio integrado com a educação profissional, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). “Precisamos fazer um grande esforço se queremos ajudar a agenda de inclusão social para o jovem brasileiro para melhorar a produtividade do trabalho, para melhorar a possibilidade dos jovens se inserirem no mercado de trabalho, construírem seus projetos individuais e certamente gerando mais riqueza, bem-estar, competitividade para as empresas e para o país”, finaliza.


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