As chamadas ‘Fake News’ já começam contaminar as eleições no Brasil

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Esses sites inundaram as redes sociais e podem ser decisivos na disputa pelo voto.

As chamadas fake news, as informações falsas ou ao menos distorcidas espalhadas nas redes sociais, se tornaram uma epidemia que percorre o mundo inteiro. Elas fazem parte de uma nova modalidade de guerra informativa, usada com objetivos políticos, que já rendeu grandes benefícios nas últimas eleições dos EUA.

O Brasil aparece agora como um perfeito campo de batalha, no qual as fake news, que já estão contaminando o debate político no país há algum tempo, sobretudo desde o processo que acabou no impeachment da presidenta Dilma Rousseff, podem jogar um papel decisivo.

Os elementos estão prontos: um pais muito ativo nas redes sociais, com uma forte polarização ideológica que se reflete claramente na Internet e com umas eleições acirradas demais daqui a poucos meses.

“Nas eleições de 2018 o volume de fake news vai superar de longe o de todas as eleições anteriores”, acredita a cientista política e pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), coordenadora do grupo Opinião Pública, Helcimara Telles. Cresce a tecnologia com emprego de robôs para impulsionamento nas redes sociais e acumula-se expertise para ataques cognitivos sofisticados, porque são dirigidos aos segmentos de eleitores segundo as suas preferências registradas nos algoritmos.

“Movimentos on-line de extrema-direita, que em nome de uma radical liberdade de expressão, professam valores de intolerância, discursos de ódio, extremamente dogmáticos e negando qualquer afirmação que possa ser comprovada em métodos científicos, crescem no mundo todo”, avalia Helcimara Telles. “No Brasil, esses grupos contestam que tenha existido uma ditadura no país, espalham que o nazismo foi um fenômeno da esquerda, interpretam fatos segundo o seu interesse, atacam movimentos feministas e fazem a caricatura dos estudos de gênero, cooptando muitos jovens pelo desalento com a representação política e pela linguagem que utilizam na internet”, diz a pesquisadora.

Num contexto de polarização política – em que extremos estão motivados ao ativismo –, o Brasil tem todos os ingredientes para a ebulição do caldo da insegurança sobre o que venha a ser verdade e mentira nas eleições de 2018. Além dos usuários das redes interagirem, preferencialmente, com pessoas com quem partilham ideologias e visões de mundo – formando as chamadas bolhas narrativas –, os brasileiros estão, ao lado dos chilenos, entre os usuários das redes que mais compartilham informação no mundo: 64% têm esse tipo de engajamento, segundo pesquisa feita este ano com 70 mil pessoas em 36 países pela Reuters Institute for the Study of Journalism da Universidade de Oxford, na Inglaterra. Ao mesmo tempo, 65% usam smartphones, portanto, levam o clique e a possibilidade de compartilhamento para onde vão. E mais: 60% acreditam nas notícias com as quais interagem, que chegam principalmente pelo Facebook e pelo WhatsApp.


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