Atendimentos em UPA foram adequados, diz prefeitura sobre morte de menina em Rio Claro, SP

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Rebeca Luiza Ribeiro dos Santos, de 1 ano e 10 meses, passou por consultas em UPA, mas não resistiu na quarta-feira (7). Sindicância e Polícia Civil apuram o caso.

A Prefeitura de Rio Claro (SP) disse em coletiva de imprensa, nesta segunda-feira (12), que os atendimentos à menina Rebeca Luiza Ribeiro dos Santos, de 1 ano e 10 meses, foram adequados e dentro dos protocolos médicos. A criança morreu na última quarta-feira (7), após passar por consultas na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) da 29. Uma sindicância e a Polícia Civil apuram o caso.

Atendimentos adequados

O primeiro relatório traz apenas os fatos da ficha de atendimentos do prontuário da menina.

“Tecnicamente todos os atendimentos foram feitos de maneira adequada, o tratamento foi proposto de maneira adequada, respeitando a condição clínica da paciente, respeitando o peso [da criança] e a dose da medicação”, disse o gerente da UPA da 29, Elber Rodrigues Torres.

Consultas em UPA

No dia 26 de fevereiro Iara Ribeiro dos Santos levou a filha, que estava com febre e tosse, na unidade. Segundo a família, a médica de plantão receitou um remédio, mas a menina não melhorou. Na quarta-feira (7), a mãe levou a filha mais uma vez na mesma UPA e fez exame de raio-X.

Ela foi atendida por uma outra médica, que trocou a medicação por outros dois remédios e deu alta para a menina.

“A moça [médica] me passou mais dois xaropes. Falou que o xarope que a moça passou a primeira vez era [para crianças] acima de dois anos e era muito forte para ela. Dei [remédio] no mesmo horário”, disse.

A caixa do remédio confirma que ele é indicado pra crianças acima de dois anos, mas o gerente da UPA diz que o medicamento receitado pela primeira médica era apropriado pra crianças da idade da Rebeca.

“O primeiro xarope é utilizado em qualquer idade. É um medicamento que tem por efeito degradar o muco das vias aéreas facilitando a respiração. No caso em específico, a dose ainda utilizada foi inferior até o mínimo recomendado pelo fabricante da medicação”, explicou Torres.

Medo de dar remédio errado

Quando voltou para casa a criança piorou. A mãe da menina ficou com medo de dar o medicamento errado mais uma vez.

“Você vai fazer o que? Ela vai tomar inalação e você vai se ela não vai melhorar. Ela perguntou se eu dei os remédios que ela passou. Eu falei que não, a menina está quase morrendo e eu vou colocar remédio em cima dela? Não sei o que ela tem”, afirmou Iara.

“Ela tinha um quadro clínico e evoluiu para um segundo quadro clínico. A falta da medicação com certeza acarretou numa piora clínica”, disse o gerente da UPA.

Rebeca ficou só poucas horas sem o remédio. No fim do dia, quando conseguiu carona, Iara levou a filha de volta para a UPA. Ela foi atendida novamente pela segunda médica, que receitou três inalações e fez a criança tomar o xarope que a mãe estava com medo de dar. A menina recebeu alta mais uma vez.

Como ela tinha muita dificuldade pra respirar, a família não quis levar a criança para casa naquele estado. “Na hora que ela agonizou precisou o povão se revoltar, todo mundo que chegava lá se revoltava de ver a menina gemendo aos gritos”, afirmou a bisavó da menina, Alderite Gomes da Silva.

Segundo a família, só depois de três horas a Rebeca foi atendida novamente, mas ela não resistiu.

Investigação de manchas

O atestado de óbito indicou que ela morreu de parada cardiorrespiratória, broncoespasmos e uma síndrome genética em investigação.

A família conta que a criança nasceu com algumas manchas no corpo que estavam sendo investigadas. O ecocardiograma feito no dia 15 de janeiro não constatou a presença de nenhum tipo de problema no coração.

“Estava investigando através da pele, ela nasceu com a pele manchada. O médico falou que não era nada porque a mãe dela tem. Nós queremos resolver o que aconteceu”, disse a bisavó.

Resultado de sindicância sai em 2 meses

O resultado da sindicância aberta pela prefeitura para investigar o caso deve sair em 60 dias. “Todos os atendimentos foram prestados dentro dos protocolos que regem a medicina. Qualquer outra questão que denote qualquer tendência no sentindo que pode ser diferente disso é a sindicância que vai dizer. A sindicância vai ouvir os médicos, vai ouvir a família, vai ouvir todo mundo”, explicou o secretário de Saúde, Djair Cláudio Francisco.

A família também fez um boletim de ocorrência e o caso está sendo investigado pela Delegacia da Mulher.

“A gente não tem dinheiro, então eles acham que por a gente ser isso ninguém está nem ai. Daqui uns dias eles vão esquecer e vai acabar”, disse a mãe.


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