Babá dopa crianças com calmante e é presa por tentativa de homicídio; menina foi hospitalizada

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A mulher trabalhou na residência da família por aproximadamente 50 dias até que a dona da casa a flagrou em atitude suspeita.

Uma mulher de 43 anos responderá por tentativa de homicídio depois de ser denunciada por dar o medicamento clonazepam a crianças de uma casa em que trabalhava como babá. Ela foi detida nessa quarta-feira (19) no bairro São Pedro, na região Centro-Sul de Belo Horizonte (MG), onde policiais civis também cumpriram mandados de busca e apreensão. Uma menina de 3 anos chegou a passar mal após ingerir a substância e precisou ser levada às pressas para um hospital. Ela recebeu atendimento e passa bem.

A delegada Renata Ribeiro Fagundes, da Delegacia Especializada de Proteção a Criança e Adolescente, explicou em coletiva de imprensa na tarde desta quinta (20) que a mãe das crianças procurou a corporação no começo de janeiro para denunciar a babá. A mulher trabalhou na residência da família por aproximadamente 50 dias até que a dona da casa a flagrou em atitude suspeita.

Mãe reage

“A mãe relata que a babá estava prestando serviço na casa dela e que a abordou tentando colocar um medicamento no copo de suco de um dos filhos dela. Disse que a filha já estava se sentindo mal desde o dia anterior e que quis saber do que se tratava a substância encontrada com a funcionária”, conta Renata.

Ainda segundo a delegada, a babá tentou justificar que o medicamento era um fitoterápico para acalmar as crianças. No entanto, a mãe reagiu e descobriu se tratar de clonazepam – medicamento que pode provocar danos irreversíveis e até levar à morte. “A mãe tomou o vidro da mão dela, tirou uma foto do medicamento e viu que se tratava de clonazepam. Segundo a mãe, ela percebeu que as crianças ficavam mais sonolentas quando estavam com a babá”, disse.

O princípio ativo clonazepam é a base de diversos medicamentos criados para tratar problemas neurológicos, de ansiedade à epilepsia. O consumo em excesso pode provocar ausência de reflexos, apneia, hipotensão arterial, depressão cardiorrespiratória e até levar ao coma.

Filha passa mal

A mãe das crianças, um menino de 2 anos e uma menina de 3, agiu rápido ao ver a filha passando mal. Ela acionou o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e a garota foi levada para um hospital. Na unidade de saúde, médicos constataram que havia clonazepam no sangue da paciente. Foi então que a mulher procurou as autoridades para denunciar a babá.

“Os médicos constataram que tinha clonazepam no sangue da criança e logo que a filha não estava mais correndo risco a mãe procurou a delegacia. Ela relatou que o Samu informou que foi muito bom ela ter acionado o socorro de forma rápida porque esse medicamento poderia ter causado danos irreversíveis e até mesmo a morte da criança”, explica a delegada.

Qualificações chamaram atenção

Na coletiva, a delegada relatou que as qualificações da babá foram o que chamou a atenção da mãe das crianças. Ela a encontrou em uma espécie de agência virtual que conecta pessoas que oferecem os serviços a pais e responsáveis por crianças. “A mãe falou que o que chamou atenção foi a qualificação dela, que tem bacharel em Direito, ensinava inglês para as crianças”, conta.

Apesar disso, Renata alerta que pais e responsáveis devem redobrar os cuidados com as crianças. “A gente não pode colocar dentro da nossa casa uma pessoa que a gente não conhece, que não tem referência, principalmente para trabalhar com criança. O recomendado é não só pedir referências, mas também checar se são verdadeiras”, pondera.

Por fim, a delegada explica que a babá manteve a versão de que o medicamento era um fitoterápico e que nunca havia trabalhado cuidando de crianças. A mãe que a contratou, no entanto, diz que a mulher mostrava fotos e sempre falava de outras famílias com quem trabalhou. A corporação divulgou a imagem da babá em busca de possíveis outras vítimas.

“A intenção da divulgação é procurar outras famílias que possam ter tido contato com ela. Caso a conheçam, a orientação é procurar atendimento médico para as crianças para verificar se deixou alguma consequência e depois a polícia”, conta Renata. “Ela por certo não tinha intenção de matar as crianças, mas assumiu o risco de causar um dano maior ao dar uma medicação que não era prescrita e nem era indicada para a criança naquele momento, então ela responderá por tentativa de homicídio com dolo eventual”, finaliza a delegada.

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