Banco Central reduz previsão de crescimento do PIB de 2018 para 1,4%

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Previsão anterior era de crescimento de 1,6%. Expectativa de inflação, com câmbio e juros estimados pelo mercado financeiro, está em 4% para 2018 e para 2019.

O Banco Central reduziu de 1,6% para 1,4% a previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2018. A estimativa consta do relatório trimestral de inflação, divulgado pela instituição nesta quinta-feira (27).

É a terceira vez que a expectativa de crescimento da economia brasileira é revisada. Em setembro do ano passado, o BC estimou uma alta de 2,2% para o PIB deste ano, valor que subiu para 2,6% em dezembro de 2017 e que recuou para 1,6% em junho passado.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos no país, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.

“A revisão reflete a incorporação dos resultados do PIB no segundo trimestre e o arrefecimento na atividade econômica após a paralisação no setor de transporte de cargas, ocorrida em maio”, informou o Banco Central.

No ano passado, depois de dois anos de tombo, a economia brasileira saiu da recessão e registrou uma expansão de 1%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A previsão do BC está abaixo da estimativa oficial do governo e próxima da estimativa do mercado financeiro. Na semana passada, no relatório de receitas e despesas do orçamento, o governo manteve em 1,6% a estimativa de alta do PIB de 2018. Para os analistas das instituições financeiras, o crescimento será de 1,35% nesse ano.

A instituição também divulgou, pela primeira vez, sua previsão para o crescimento do PIB de 2019. A estimativa do BC é de que a economia vai acelerar no próximo ano, com uma taxa de expansão de 2,4%.

“É fundamental destacar que essa projeção é condicionada à um cenário de continuidade das reformas, notadamente as de natureza fiscal, e ajustes necessários na economia brasileira”, acrescentou.

Inflação

O Banco Central também informou a estimativa de inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 4,1% nesse ano e 4% em 2019.

As previsões consideram a trajetória estimada pelo mercado financeiro para a taxa de juros e de câmbio neste ano e no próximo. No último relatório de inflação, em junho, a estimativa do BC para a inflação de 2018 era de 4,2% e, de 2019, era de 3,7%.

“Ainda que limitada pela elevada ociosidade dos fatores de produção e pelo contexto de expectativas ancoradas, a recente depreciação do câmbio tende a elevar a inflação ao consumidor nos próximos meses, por meio, principalmente, do impacto direto sobre os preços de combustíveis”, avaliou a instituição.

O BC projetou ainda, com base no cenário que considera as estimativas do mercado para taxa de juros e câmbio, que o IPCA vai somar 3,6% em 2020 – em linha com a meta central de inflação fixada para este ano. Em junho desse ano, a previsão para a inflação de 2020 estava em 3,7%.

Considerando todos os cenários para juros e câmbio do BC, as estimativas de inflação da autoridade monetária situam-se entre 4,1% e 4,4% para 2018, entre 4% e 4,5% para 2019, entre 3,6% e 4,2% para 2020 e entre 3,7% e 4,3% para 2021.

A meta de inflação, fixada pelo Conselho Monetário Nacional, é de 4,5% neste ano e há, também, um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. A meta terá sido cumprida se o IPCA, a inflação oficial do país, ficar entre 3% e 6% em 2018.

Para 2019, meta central do próximo ano é de 4,25%, e o intervalo de tolerência do sistema de metas varia de 2,75% a 5,75% e, para 2020, é de 4% (podendo oscilar entre 2,5% e 5,5%).

Definição da taxa de juros

As estimativas do BC para o Produto Interno Bruto e para a inflação ajudam a instituição na definição da taxa básica de juros, atualmente na mínima histórica de 6,5% ao ano.

A definição da taxa de juros pelo BC tem como foco o cumprimento das metas de inflação, fixadas todos os anos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Recentemente, por meio da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada na semana passada, o BC avaliou que o cenário piorou nos últimos meses e indicou que pode ser necessário subir a taxa básica de juros da economia nos próximos meses para atingir a meta de inflação fixada para o ano de 2019.

O presidente do BC, Ilan Goldfajn, informou que o chamado “balanço de riscos” para a inflação, nos próximos meses, é “assimétrico”, ou seja, com pressões altistas e também baixistas. “Têm riscos para os dois lados”.

Segundo ele, a capacidade ociosa da economia continua alta e pode levar a uma inflação mais baixa. Por outro lado, há riscos crescendo que podem pressionar a inflação, como de frustração da expectativa de continuidade das reformas econômicas e o cenário internacional mais incerto para economias emergentes.

“Os membros do Copom enfatizaram, na última reunião, que requerem que as expectativas de inflação estejam ancoradas [próximas às metas centrais já definidas]”, disse.

Ele observou que, em suas últimas mensagens, o BC avaliou que a política de juros, atualmente “estimulativa” [juros abaixo da taxa estrutural] começará a ser “removida” gradualmente (elevando a taxa básica da economia) caso o cenário prospectivo (estimativas) para a inflação, ou seu balanço de riscos, apresentem piora.


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