‘Situação geral ainda é preocupante’, segundo relatório
O Banco Mundial (BM) alertou, nesta sexta-feira (5), para a “frágil recuperação” das economias da América Latina e do Caribe após anos difíceis e pediu o desenvolvimento de uma “capacidade de resiliência” aos desafios, especialmente na América do Sul. Para o Brasil, o banco reduziu a expectativa de crescimento de 2,4% para 1,2% este ano.
“Encontramos obstáculos no caminho da recuperação”, disse Carlos Végh, economista-chefe da região, ao revelar o mais recente relatório semestral regional, segundo a agência France Presse. “Isso torna ainda mais necessário melhorar o entendimento e o gerenciamento de riscos e outros impactos, desde a turbulência financeira até desastres naturais”.
Após uma desaceleração de seis anos e uma retração de 1% do PIB em 2016, a região cresceu 1,1% em 2017, e as previsões para o início do ano foram otimistas para 2018.
Mas, com a crise macroeconômica que atingiu a Argentina desde abril, a desaceleração do crescimento no Brasil, a contínua deterioração da situação na Venezuela e o ambiente externo piorado, o Banco Mundial agora espera que a expansão seja de apenas 0,6% em 2018, contra 1,7% esperado há um semestre. Para 2019, a projeção de crescimento também foi reduzida para 1,6%, contra 2,3% anteriores.
“A situação geral ainda é preocupante”, disse o relatório.
Uma das “nuvens escuras no horizonte” é a normalização da política monetária nos Estados Unidos, o que levou a uma reversão “drástica” dos fluxos de capital, um fortalecimento do dólar e uma depreciação das moedas locais na maioria dos grandes mercados emergentes.
Segundo o Banco Mundial, a entrada líquida de capital na região passou de um máximo de US$ 49,6 bilhões em janeiro de 2018 para US$ 18,8 bilhões em agosto.
Outro desafio é a situação fiscal “precária” na região: o relatório indica que a dívida pública excedeu 60% do PIB da região como um todo e seis países têm taxas de endividamento acima de 80%.
Diante desse cenário, “a região não tem escolha a não ser aumentar o ritmo de ajuste fiscal para garantir a sustentabilidade da dívida no curto e médio prazo”, diz o relatório do BM, pedindo, contudo, para se “preservar” sempre que possível as “realizações sociais consideráveis” da “década de ouro”, de altos preços de matérias-primas (2003-2013).
Outros abalos
Os riscos não são apenas econômicos, alerta o BM. Terremotos, furacões e inundações também são uma ameaça. “A região está extremamente exposta e vulnerável a uma ampla variedade de desastres naturais”, acrescenta o relatório.
Portanto, levando em conta a densidade populacional localizada nas áreas afetadas e a baixa gestão de risco, o BM solicita a previsão de mecanismos de assistência.
Nesse sentido, o relatório destaca o “excelente” título de catastrófe emitido em fevereiro, que prevê um seguro de US$ 1.360 milhões em proteção contra terremotos para os países da Aliança do Pacífico (Chile, Colômbia, México e Peru).
O BM também menciona ferramentas como o Mecanismo de Seguro de Riscos Catastróficos do Caribe (CCRIF), que pode conceder fundos facilmente acessíveis, por exemplo, para auxiliar nos efeitos de um furacão.
“Construir resiliência é muito importante”, disse Jorge Familiar, vice-presidente do BM para a América Latina e o Caribe, em entrevista coletiva.
Apesar dessa perspectiva complicada, o relatório do BM lista três fatores externos que permanecem “relativamente positivos para a região”: forte crescimento nos Estados Unidos, menor crescimento, mas acima de 6%, na China e recuperação de preços de matérias-primas.
Aviso: Os comentários só podem ser feitos via Facebook e são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião deste site. É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros, sendo passível de retirada, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema proposto.
Tem uma sugestão de reportagem? Nos envie através do WhatsApp (19) 99861-7717.