Ele é acusado de coação e extorsão, e ainda, de acobertar crimes de pedofilia que teriam sido cometidos por padre de Americana (SP). Polícia também investiga o caso.
Por EPTV 1
O bispo dom João Inácio Muller, enviado de Lorena (SP) pelo Vaticano para investigar denúncias de desvios e abusos sexuais, deixou Limeira (SP) nesta sexta-feira (22). O bispo dom Vilson Dias de Oliveira, da Diocese de Limeira, é acusado de coação e extorsão, e ainda de acobertar crimes de pedofilia que teriam sido cometidos pelo padre Pedro Leandro Ricardo, de Americana (SP).
Segundo a Diocese de Limeira, dom João não deixou nenhuma orientação ou encaminhamento, e a investigação corre sob segredo canônico. A Polícia Civil, a pedido do Ministério Público, também está investigando o caso.
O bispo dom João estava em Limeira desde segunda-feira (18) ouvindo padres das paróquias da região, que respondem à Diocese de Limeira, além dos relatos de supostas vítimas do padre Pedro Leandro Ricardo, de Americana. Ele deve encaminhar um relatório ao núncio apostólico em Brasília (DF), o arcebispo dom Giovanni d’Aniello, representante do papa no Brasil.
Coação e extorsão
Dom Vilson é acusado de extorsão e coação de padres de paróquias da região que respondem à Diocese de Limeira. O caso foi revelado pelo jornal Folha de S. Paulo em 29 de janeiro.
Em um dos depoimentos, que a EPTV, afiliada da TV Globo, teve acesso, um antigo padre da basílica disse que o bispo teria pedido R$ 50 mil para comprar armários para sua casa em Guaíra (SP), em 2012. O padre não teria atendido ao pedido e foi substituído depois de alguns meses.
Investigação por abusos sexuais
No final de janeiro, o padre Pedro Leandro Ricardo foi suspenso pela Diocese de Limeira das funções de reitor e pároco da Basílica Santo Antônio de Pádua, em Americana, durante as investigações policiais que apuram denúncias de abuso sexual contra menores.
Além do Vaticano, a Polícia Civil também investiga os casos com três inquéritos abertos nas cidades de Americana, Limeira e Araras (SP). A investigação corre em segredo de Justiça.
Segundo Thalita Camargo da Fonseca, uma das advogadas que representa as vítimas do padre, há pelo menos quatro denúncias na cidade de Araras e outros casos em investigação. Ela relata que o religioso agia sempre da mesma forma e tinha o costume de oferecer presentes em troca do silêncio das vítimas.
Um ex-coroinha contou à EPTV que sofreu abusos do padre Pedro Leandro Ricardo em 2002, na cidade de Araras, e até hoje faz tratamento por causa do trauma psicológico. Segundo ele, o padre passava a mão em seu corpo e fez sexo oral com ele.
“Ele deslizou a mão como se tivesse mudando o câmbio da marcha do carro. Ele deslizava a mão assim na perna. E, na volta, já deu uma escorregada maior, já meio que apalpou mesmo o meu órgão genital”.
Ao jornal O Globo, um professor de 35 anos, que foi coroinha em Araras, relatou quando sofreu abuso durante um passeio com o padre Pedro. Também há relatos de uma funcionária pública transexual, de 27 anos, um ex-seminarista e hoje estudante, de 24, e um vendedor, de 34.
Defesa dos envolvidos
A defesa do padre Pedro Leandro Ricardo garante que nunca houve assédio ou abuso e disse que ele vem sendo perseguido por um grupo de desafetos desde a época em que estava em Araras. O advogado comentou que muitas das acusações são antigas, já foram investigadas e não ficaram provadas.
Ainda segundo o defensor do pároco de Americana, as acusações estão sendo requentadas e pessoas envolvidas para que façam novas denúncias, com o objetivo de excluir o padre da Igreja Católica.
Já a Diocese de Limeira, que responde pelo bispo Dom Vilson Dias de Oliveira, prefere não se manifestar no momento.