Brasileira relata experiência com coronavírus em Paris: ‘Renasci’

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Escritora santista revela que atendimento recebido em um hospital público da cidade francesa foi ‘de outro mundo’.

Uma guia turística e escritora santista que mora há 9 anos em Paris, na França, enfrentou sintomas graves do novo coronavírus e chegou até a pensar que iria morrer no hospital. Após se recuperar e deixar a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Moema Rodriguez, de 46 anos, revela como ocorreu a rápida evolução da doença, fala sobre o atendimento médico ‘de outro mundo’ que recebeu em um hospital público da cidade e ainda relata sua experiência pessoal com a Covid-19.

Os primeiros sintomas da doença foram notados por seus seguidores nas redes sociais, que perceberam como Moema estava cansada na gravação de um vídeo para seu canal. Isso aconteceu apenas três dias depois de o governo francês declarar quarentena no país. Por isso, a escritora acredita que foi contaminada antes do isolamento total.

“Eu, meu marido e nosso filho do meio começamos a ter tosse seca, como de gripe, mas a orientação era ir para o hospital apenas em casos de falta de ar. Os dias foram passando e melhoramos. Mas, duas semanas depois, eu e meu marido começamos a ter muita febre, uma dor no corpo absurda e tivemos que ficar de cama”, explica.

Ela acredita que já entrou na quarentena doente, pois antes sua família estava levando a vida normalmente, e os cuidados foram redobrados apenas após o governo decretar isolamento. Moema conta que só conseguia levantar para ir ao banheiro e, mesmo assim, parecia que havia ficado uma hora treinando na academia, de tanta dor que sentia.

“Não levantávamos para nada. Como passou uma semana e não melhoramos, decidimos chamar o médico. Ele falou que provavelmente estávamos com Covid-19 e recomendou que ficássemos em casa. Durante duas semanas, fiquei totalmente fora do ar, com a sensação de estar dopada, me sentia fora do planeta. Você percebe as pessoas falando, mas só quer dormir. Eu dormia cerca de 20 horas por dia e só comia com muito esforço”.

Após duas semanas de cama, a tosse de Moema começou a piorar e estava acompanhada por uma grande falta de ar. De acordo com a escritora, qualquer esforço causava muita tosse e dificuldade de respirar. Seus filhos ficaram desesperados e foi então que a família decidiu chamar novamente o médico em casa. Ao chegar, ele chamou imediatamente uma ambulância para levá-la ao hospital.

Chegando ao hospital público, a brasileira foi levada para um pré-atendimento cheio de médicos, que realizaram diversos exames, entre eles o teste para confirmar o coronavírus. De lá, ela seguiu direto para a UTI e foi colocada no respirador. Moema revela que era monitorada pela equipe médica 24 horas por dia e ficou surpresa quando percebeu que os profissionais sempre descartavam suas roupas antes mesmo de saírem dos quartos, para proteger outros pacientes.

“Fiquei quatro dias na UTI e achei que fosse morrer. Tiveram momentos em que eu só rezava para todos os santos e pedia a Deus que me tirasse daquela situação. É um momento em que você não tem esperanças, porque é uma doença lenta, que só vai piorando, e você não percebe uma melhora. Foi a pior experiência da minha vida, eu achei que não fosse aguentar. As pessoas precisam se conscientizar, como é uma roleta russa, não pode pagar para ver como seu organismo vai reagir”.

Após três longas semanas dos primeiros sintomas, os médicos deram a feliz notícia de que ela poderia finalmente deixar a UTI e ser transferida para o quarto. Nesse momento, ela quase não acreditou. Moema relata que, antes de ser internada, ela via hospitais lotados na televisão, com pacientes nos corredores, e ficou apavorada. Mas, quando chegou ao hospital em Paris, se tranquilizou e percebeu que receberia atendimento ‘de outro mundo’.

“Passei por 20 médicos, fizeram mil exames, não dividi quarto com ninguém, a equipe médica foi maravilhosa e eu não tenho do que reclamar, recebi um atendimento sensacional. O hospital reservou um andar inteiro só para pessoas com Covid-19. Eu recebi alta na semana do meu aniversário. Sempre falo que vou comemorar o dia em que nasci e o dia em que renasci”, finaliza.

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