Golpistas cobravam até R$ 100 mil de quem queria estudar na USP.
A Polícia Civil divulgou conversas de golpes aplicados por um casal preso suspeito de vender falsas vagas em cursos de medicina em faculdades públicas no Brasil. Os preços oferecidos chegavam a R$ 100 mil, em redes sociais de alunos brasileiros que estudam no exterior. Os investigadores descobriram que o negócio bancava uma vida de luxo e ostentação do casal.
Alaor da Cunha Filho e Mayara Soares Pimassoni é o casal suspeito de vender essas vagas. Eles foram presos na segunda-feira (26) em um prédio de luxo em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro. O advogado de Alaor disse que largou o caso na quinta-feira (29).
A defesa de Mayara Pimassoni informou que ela nega que tinha conhecimento dos fatos, e que maiores esclarecimentos já foram prestados em seu depoimento. Os advogados informam ainda que o processo tramita em segredo de Justiça, motivo pelo qual não pode dar maiores detalhes sobre o mesmo.
Uma mulher que não quis se identificar caiu no golpe. Ela queria trazer a filha que estuda no Paraguai para o Brasil. As negociações foram feitas com Alaor Filho por áudios trocados em celular. “Os lugares mais baratos que eu tenho hoje são em Goiânia e Minas Gerais, que eu consigo a R$ 35 mil. Tenho até de R$100 mil em São Paulo, na Universidade Federal de São Paulo [USP]”, disse Alaor.
A vaga entre a mulher e o suspeito foi negociada por R$ 35 mil. A partir daí, a conversa mudou, segundo ela. “Começou a enrolar. Aí ele começou a falar: ‘aguarda um pouquinho’, ‘demora um pouquinho’, ‘deu um probleminha aqui’, ‘um probleminha ali’, e começou a enrolar muito”, desabafou a mulher.
O delegado William Bretz explicou que a fraude consistia na venda de supostas transferências para faculdades de medicina brasileiras de estudantes matriculados no exterior. Os alunos seriam transferidos por meio de vagas remanescentes, mas elas porém, nunca existiram.
A investigação mostrou que o casal fez vítimas em cinco estados e que Alaor Filho tem uma longa ficha criminal por estelionato, lesão corporal, receptação e até sequestro. “Temos uma suspeita muito grande que de fato toda essa vida luxuosa advém do produto do crime. A gente conseguiu apreender dois carros avaliados em mais de R$ 700 mil”, ressaltou Bretz.
A polícia conseguiu ainda fazer o sequestro de mais de R$ 1 milhão em bens, além de diversos relógios de luxo, dinheiro em espécie, computadores e telefones.