A informação consta no depoimento de um desses amigos à polícia, ao qual o nossa reportagem teve acesso.
O jogador Daniel Corrêa participava de um grupo de WhatsApp com amigos, no qual costumavam compartilhar fotos de mulheres com quem faziam sexo. A informação consta no depoimento de um desses amigos à polícia, ao qual o nossa reportagem teve acesso.
No último sábado, o atleta, que tinha contrato com o São Paulo e defendia o São Bento de Sorocaba (SP), tirou e compartilhou no aplicativo fotos ao lado de uma mulher que parece ser Cristiana Brittes, esposa de Edison Brittes Júnior, conhecido como Juninho. Minutos depois, Daniel foi espancado e morto. Preso na quinta-feira (1º), Juninho Brittes confessou o crime,
disse seu advogado de defesa.
Em depoimento à polícia, um amigo “de longa data” do meia afirmou que, no grupo de WhatsApp, os rapazes geralmente tiravam a foto “no momento que a mulher estava dormindo.” Em reproduções da tela de celular de um dos rapazes, anexadas ao inquérito policial, Daniel aparece compartilhando fotos de si mesmo ao lado de uma mulher dormindo, aparentemente Cristiana.
‘Linha do tempo’
Daniel chegou a Curitiba às 21h30 de 26 de outubro, uma sexta-feira. Ele deixou as malas na casa de um amigo, tomou um banho e seguiu para a primeira festa da noite.
Depois, por volta da meia-noite, os dois foram para o aniversário de 18 anos de Allana, em outra casa noturna da capital paranaense. Eles tinham convites para o aniversário de Allana, que foram entregues pelo pai dela.
Às 5h40 da manhã de sábado, 27 de outubro, o amigo de Daniel foi embora. Então, o jogador disse que ia para a casa de Allana, onde a festa continuaria.
Às 6h36, Daniel mandou uma mensagem avisando o amigo que já estava na casa da aniversariante, em São José dos Pinhais.
Segundo uma testemunha que está sendo protegida pela Justiça, os convidados ficaram bebendo e ouvindo música.
A primeira pessoa a ir dormir foi Cristiana. Depois, outras pessoas também se recolheram. Ficaram na festa: Daniel, Edison Júnior e outras oito pessoas. Às 8h07 da manhã de sábado, Daniel começou a mandar mensagens para outro amigo.
O jogador contou que estava na festa na casa de uma menina e que várias pessoas estavam dormindo. O amigo perguntou se ele estava bêbado, e Daniel respondeu com uma mensagem de áudio, dizendo que não muito.
Além disso, Daniel disse que, na casa, havia uma “coroa”, que ia ter relações sexuais com ela – que era mãe da aniversariante. Ele ainda contou e que o pai, Edison Júnior, estava junto.
O amigo, então, alertou Daniel para o perigo de ser expulso da casa. Daniel mandou uma foto ao lado de Cristiana, que parecia estar dormindo.
Novamente, o amigo alertou Daniel que ele poderia apanhar do marido de Cristiana.
Foto
Às 8h34, Daniel mandou mais uma foto ao lado de Cristiana e disse ao amigo que teve relação sexual com ela.
No minuto seguinte, Daniel mandou a última mensagem: “O que aparecer amanhã é nóis”. O amigo perguntou o que Daniel quis dizer, mas não recebeu respostas.
O corpo do jogador foi encontrado pela polícia duas horas depois, às 10h30 de sábado, em um matagal, com mutilações e sinais de tortura. Mas não havia identificação da vítima.
Em depoimento à polícia, um amigo de Daniel disse que ele e mais dois amigos criaram um grupo de mensagens no qual postavam fotos das mulheres que conquistavam. Geralmente a foto era tirada no momento em que a mulher estava dormindo.
O que disse o amigo
O amigo que hospedou Daniel disse à polícia que começou a ficar preocupado na noite de sábado porque o jogador estava desaparecido desde a festa, e os os dois tinham um compromisso.
Ele chegou a trocar mensagens com Allana, que relatou que Daniel tinha ido embora sozinho da casa dela.
No domingo, 28 de outubro, o amigo ficou sabendo que havia um corpo não identificado no IML. Ele reconheceu Daniel.
Contradições
A polícia tenta esclarecer o que ocorreu entre o começo da festa na casa de Allana até a morte de Daniel.
Pijama
As versões apresentadas pela família Brittes, até agora, possuem várias contradições.
A polícia disse que Cristiana aparecia nas fotos tiradas por Daniel com a mesma roupa e colar que estava nas fotos do aniversário na casa noturna. Edison tinha dado outra versão.
Empresário confessou o crime
A defesa de Edison Brittes afirma que ele cometeu o crime porque Daniel teria tentado estuprar sua esposa. A polícia ainda investiga o caso. “A tentativa de estupro nós vamos apurar quando formos ouvir a vítima”, disse o delegado Amadeu Trevisan, se referindo à mulher do suspeito.
“Vamos ver se houve ou se ele [Daniel] simplesmente deitou ao lado da cama e tirou a fotografia. O que nós temos da mulher e dele é apenas a foto que o Daniel tirou. Pela foto, sem movimento, ela está dormindo, desacordada. As mensagens indicam que a vítima é muito imatura para estar ali deitado com a mulher e mandado as fotos para os amigos. Essas coisas quando saem perdem o controle.”
“Mesmo que tenha havido uma tentativa de estupro, o que é preciso entender é que a resposta dele [Juninho] foi totalmente desproporcional”, afirmou o delegado. “Ainda que tenha havido estupro, ele jamais poderia ter agido dessa forma. Foi um exagero.”
O corpo de Daniel foi encontrado em uma plantação de pinus, em São José dos Pinhais (PR) sem o pênis e parcialmente degolado. Uma testemunha relatou o que viu no momento do espancamento e disse que foi ameaçada pelo suspeito.
Juninho, Cristiana e a filha Allana, que comemorava 18 anos na sexta véspera do crime, foram presos temporariamente. A polícia não descarta indiciar inclusive as mulheres por participação no crime. Segundo o delegado, outros três homens que teriam ajudado Juninho a espancar e torturar Daniel foram identificados e devem ter o mandado de prisão expedido em breve.
Daniel tinha 24 anos quando foi morto. Considerado tímido por seus amigos,
ele foi revelado na base do Cruzeiro, se profissionalizou no Botafogo e estava emprestado ao São Bento de Sorocaba para a disputa da Série B. Como não vinha sendo relacionado, foi a Curitiba para encontrar amigos e participar da festa de aniversário.
O funeral aconteceu na quarta-feira, em Conselheiro Lafaiete (MG), onde ele
passou parte da infância.
Aviso: Os comentários só podem ser feitos via Facebook e são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião deste site. É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros, sendo passível de retirada, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema proposto.
Conforme a Lei 9.610/98, é proibida a reprodução total e parcial deste texto sem a autorização prévia e expressa do autor (artigo 29). ® Todos os direitos reservados ao site REPÓRTER BETO RIBEIRO
Tem uma sugestão de reportagem? Nos envie através do WhatsApp (19) 99861-7717.