Levantamento mostra que casos de violência e ameaças aumentaram 48,5% nas escolas estaduais de São Paulo. Especialistas dizem que realidade é consequência de isolamento e dificuldades vividas na pandemia.
Após dois anos de isolamento, devido à pandemia, os alunos da rede pública de São Paulo finalmente voltaram para as salas de aula. No entanto, segundo a Secretaria da Educação de São Paulo, o retorno não está sendo calmo: dados revelam que casos de violência e ameaças nas escolas estaduais durante os dois primeiros meses de aulas cresceram 48,5% em relação ao mesmo período de 2019.
Em média, são 108 ocorrências apenas de agressão física a cada dia letivo nas quase 5 mil escolas da rede de ensino paulista. Além disso, houve aumento de 225% nas ocorrências de ação violenta provocadas por grupos ou gangues nas escolas. Até o dia 24 de março, foram 221 registros do tipo neste ano, contra 68 no mesmo período de 2019.
Já as ocorrências de ameaça no ambiente escolar cresceram 52%, e os casos de bullying aumentaram 77% nas escolas estaduais em relação a 2019. Todos os dados são do Placon (Plataforma Conviva), sistema em que são registradas as ocorrências escolares.
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Escolas particulares
Ainda que não haja dados oficiais sobre o aumento da violência em escolas particulares, professores e especialistas da área relatam também perceber maior agressividade e problemas de convivência entre alunos da rede privada. Para eles, o aumento da agressividade é consequência do afastamento das crianças e adolescentes da escola nos últimos dois anos e dos problemas que enfrentaram em casa nesse período.
Para a especialista, o problema é a falta de políticas públicas para enfrentar o aumento da violência nas escolas. Segundo ela, as ações apresentadas pela Secretaria da Educação paulista são mais voltadas para a recuperação de aprendizagens do que para os problemas socioemocionais enfrentados pelos estudantes.
Em entrevista à Folha de São Paulo, Henrique Pimentel, chefe de gabinete da Secretaria da Educação, disse que o governo está “investindo na formação de professores para que eles tenham insumos para trabalhar com os estudantes nesse momento tão adverso”.