Inaugurada em 1883, a igreja foi palco, 135 anos depois, da ação de um atirador que matou cinco pessoas e depois se suicidou. Ato é conhecido como ‘Rito de Desagravo’.
A Catedral Metropolitana de Campinas (SP) precisou passar por um “ritual de purificação” após o ataque de 11 de dezembro. Inaugurada em 1883, a igreja foi palco, 135 anos depois, da ação de um atirador que matou cinco pessoas e depois se suicidou. De acordo com a Arquidiocese, o ato é conhecido como “Rito de Desagravo” e deve ser realizado sempre que o templo for “profanado”.
“O Rito do Desagravo ocorre uma vez, na primeira celebração depois da profanação do templo. O monsenhor aspergiu [respingou] o altar [com água benta], as paredes e o povo”, destaca a instituição católica.
Monsenhor Rafael Capelato foi quem conduziu o rito. Com certeza, segundo ele, foi a primeira vez em décadas que ele foi realizado. Não houve nenhum acontecimento similar que justificasse o rito. O fato é histórico.
Dom Capelato não soube precisar, no entanto, se ele é inédito na história da Catedral. A igreja foi limpa e se preparou para a primeira missa após a tragédia.
“Sendo este um local sagrado, um espaço de Deus, violado pela violência, ele precisa passar por um desagravo, como nós dizemos. Eu tenho meditado: duplamente, o templo foi violado. O templo humano, que é o coração dessas pessoas que foram mortas, e o templo material, a nossa Catedral”, disse Dom Capelato antes da celebração, na quarta-feira (12).
‘O grande desastre’
Ainda durante a fase de construção, a Catedral de Campinas foi palco de um acidente considerado, à época, como o “grande desastre”. Autor de um livro sobre a história do templo e responsável pelo projeto de restauro do templo por 18 anos, Ricardo Leite conta que cinco trabalhadores morreram no dia 11 de janeiro de 1866.
“Era uma tarde chuvosa de janeiro, e os trabalhadores estavam escavando os alicerces para um dos pilares do que viria a ser a atual fachada da Catedral. Cinco pessoas trabalhavam em uma vala e foram soterradas”, conta.
Se o desastre de 1866 está retratado nas páginas do seu livro, “Catedral Metropolitana de Campinas, Um templo e sua história”, a tragédia ocorrida na tarde do dia 11 de dezembro de 2018 ainda é difícil de entender para o escritor.
“É muito impactante. Trabalhei lá durante 18 anos, aquilo tudo [a Catedral] era muito familiar. Uma das pessoas que morreu eu conhecia. Ele [Jose Eudes] vivia na frente da Catedral, conversava com ele todo dia”, completa.
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