Cliente da Caixa Econômica Federal vai à polícia e relata ter sido obrigado a entrar descalço em agência

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Homem diz que estava com botas de bico de metal e sofreu constrangimento. Caixa explica uso de portas com detector e repudia atitudes de preconceito.

Um operador acionou a Polícia Civil em Sumaré (SP), na tarde desta quinta-feira (15), para relatar que foi obrigado a entrar descalço na agência da Caixa Econômica Federal quando planejava realizar um saque extraordinário do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Ele explicou durante boletim de ocorrência que estava vestido de botas com biqueiras de metal e foi barrado pela porta eletrônica.

Jonatan Rodrigo Amaral, servidor municipal, contou que o segurança da agência pediu a retirada da bota para que ele pudesse acessar a agência, no Centro. Na sequência, diz, teve negado pedido para vestir o calçado na área interna pelo funcionário e por um gerente que foi acionado após a recusa.

Ainda de acordo com o cliente do banco, ele chegou a ser informado que deveria ser atendido descalço ou sair do local para vestir as botas e ir embora. A mulher dele chegou a emprestar o par de tênis para ele não ficar descalço e um vídeo mostra a confusão na porta eletrônica. 

“Apitou a primeira vez que eu fui abrir a porta, aí eu voltei. Nessa que eu voltei, apontei para a bota. É o bico de ferro que está apitando. Até levantei a minha camiseta para eles verem que não tinha arma, não tinha nada. Aí nessa ele falou: ‘Você vai ter que arrancar a bota e entrar descalço’. Nessa que eu entrei, muita gente ficou me olhando e lá dentro eu pedi para eles se eu podia colocar a bota. Ele falou para mim que não podia, que eu ia ter que ficar descalço lá dentro ou eu ia me retirar que eu não ia ser atendido”, lamentou. Ele disse que deixou o local sem realizar o saque extraordinário, que teve prazo encerrado nesta quinta-feira, e relatou à polícia que se sentiu envergonhado e humilhado.

A mulher dele demonstrou indignação com o atendimento na agência bancária. “O chão é sujo, todo mundo pisa. Aí eu peguei e falei: Vem para cá, vou tirar meu tênis, você não pode ficar descalço aí”, falou a babá Adriana Regina Félix da Silva.

“É falta de respeito comigo porque sou trabalhador e não sou bandido nenhum”, frisou Jonatan. O caso foi registrado como constrangimento ilegal pelo 1º Distrito Policial de Sumaré.

O que diz a Caixa?

Procurada pela nossa reportagem, a assessoria da Caixa alegou que usa portas automáticas giratórias com detectores de metal nas agências, conforme previsão legal regulamentada pela Polícia Federal, que disciplina o sistema de segurança em estabelecimentos financeiros no território nacional.

“As portas giratórias são utilizadas por todos os bancos para impedir o acesso de pessoas armadas às agências, nunca para criar obstáculos aos usuários. O objetivo é proteger os clientes, seus empregados e patrimônio”, informa nota divulgada pelo banco. Sobre o relato de constrangimento feito pelo cliene, a assessoria informou que ele teria sido orientado e foi oferecido atendimento.

“O banco ressalta que repudia todas as atitudes de preconceitos relacionadas à origem, raça, gênero, cor, idade, religião, credo, classe social, incapacidade física e quaisquer outras formas de discriminação. Por fim, a Caixa reforça que são valores essenciais do banco o respeito nas relações entre seus empregados e o público e o atendimento com zelo, presteza e prontidão aos clientes e usuários”, diz texto da assessoria.

Qual é a regra?

Em nota, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou que as portas giratórias bloqueiam automaticamente o acesso de clientes quando é detectado algum metal, sem qualquer interferência do segurança. “A única ação possível ao vigilante é o desbloqueio da porta, após a identificar o objeto metálico que a pessoa estiver portando e que provocou o travamento automático”, diz texto.

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