Concessionária de rodovia usa inteligência artificial para pegar motorista que burla pedágio

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Empresa que administra 3,2 mil km de estradas em quatro estados implantou sistema para flagrar espertinhos

pós disparar o número de motoristas que burlam o sistema automático de pedágio para pagar menos, uma concessionária de rodovias começou a usar sistemas de inteligência artificial para flagrar os espertinhos.

A cada 10 carros que passam por uma praça de pedágio da CCR, seis deles nem sequer chegam a parar, ainda que o pagamento seja feito. Isso ocorre porque esses veículos trafegam por pistas automáticas. Elas são equipadas com sensores de radiofrequência que se comunicam com um passe eletrônico, que emite dados de pagamento para atestar que o motorista está em dia.

Só que a entrada de várias operadoras de pedágio eletrônico trouxe mais clientes e isso gerou uma guinada nas inconsistências, conforme explica Cristiane Gomes, diretora-presidente da EngelogTech, braço de tecnologia do grupo CCR, que administra 3,2 mil km de estradas.

“Quando é um veículo pesado, tem que registrar a quantidade de eixos”, diz. E o preço varia de acordo com isso. Alguns motoristas estavam declarando que seus veículos possuíam rodas a menos para pagar menos.

Tanto é que, em 2016, o número de inconsistências entre a categoria do veículo e o modelo autorizado pelo tag de pedágio chegou a 8% de todas as passagens em praças da empresa, que opera em 10 rodovias de quatro estados (Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo). Isso representa pouco mais de 160 mil passagens por dia.

Além das informações coletadas pelo tag, os sensores dispostos pela concessionária nas praças de pedágio já captavam dados como:

  • número dos eixos do veículos;
  • rodagem dupla e eixo suspenso (às vezes, algumas rodas ficam suspensas);
  • imagens da frente, laterais, traseira e parte de cima do veículo;
  • número placa.

Só que a checagem de todas as informações era feita manualmente, veículo a veículo.

“Passou um caminhão de quatro eixos e o tag informava que ele tinha dois. Isso ia para a uma equipe de retaguarda, que fazia a análise. A pessoa ia lá, ratificava ou retificava a informação dos quatro eixos, olhando para as imagens que foram tiradas.”

Para reduzir o trabalho braçal e agilizar a conferência, a empresa criou um sistema que associa inteligência artificial e Big Data (análise de grandes dados).

Gomes explica que os algoritmos não só comparam os dados de cadastro com aqueles colhidos pelos sensores. A plataforma também relaciona essas informações com o histórico do motorista para ver se as inconsistências são recorrentes.

“A partir do comportamento do mesmo veículo, o sistema já faz essa identificação automaticamente e diz, ‘esse caminhão aqui, de placa é a XYZ0101, já passou antes centenas de vezes, tem quatro eixos com certeza e, nesse caso, não está ok’.”

Essas análises são feitas quase que automaticamente, diz Gomes. A informação tem que chegar rapidamente aos sistemas das operadoras de pedágio, para que averiguem se o pagamento está em dia antes de decidir se abrem a cancela ou não. No caso de inconsistências, os espertinhos recebem a conta no fim do mês.

A executiva diz que a equipe de retaguarda ainda confere se alguns veículos tentam burlar o sistema. “Menos de 0,1% dessas passagens sobram para essa equipe. São veículos que não passaram nenhuma vez e não há dados sobre eles”, diz Gomes. “A partir do momento que esse veículo começa a usar as pistas e praças, o sistema já aprende sobre ele.”

Segundo ela, essas inconsistências não são consideradas fraudes. Isso ocorre quando um carro usa alguma artimanha para passar sem pagar o pedágio. Também para barrar essas situações há uma tecnologia em uso, que registra além da placa o rosto do motorista. Quando isso ocorre, as informações são repassadas para a Polícia Rodoviária, e o condutor é multado.

Embora tenha tecnologia para captar e processar informações com o objetivo de barrar o não pagamento de pedágio, a concessionária não compartilha esses dados com a polícia para apontar se há veículos roubados entre aqueles que circulam pelas rodovias que administra.

Gomes explica que isso ocorre porque os contratos de concessão não possuem cláusulas que atribuam às empresas a função de atuar na segurança pública.


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