Assim como aconteceu com as farmácias e os supermercados, os pontos de revenda de botijões estão vivenciando uma corrida dos consumidores.
Cenas de filas enormes para a compra de botijões de gás estão circulando pelas redes sociais. Assim como aconteceu com as farmácias e os supermercados, os pontos de revenda de botijões estão vivenciando uma corrida dos consumidores para garantir que não faltará gás em casa. Como resultado, alguns comércios aumentaram os preços de forma irregular.
Está faltando gás? As distribuidoras de gás relatam que a demanda subiu muito rapidamente que e houve desabastecimento na maior parte das capitais. Os poucos pontos de revenda que ainda têm o produto no estoque aproveitaram-se dessa corrida e reajustaram abusivamente o preço dos botijões.
Na cidade de São Paulo (SP), revendedoras oferecem o botijão de 13 quilos a mais de R$ 100. Segundo as informações da ANP (Agência Nacional de Petróleo), o preço médio do botijão estava em R$ 69 na semana passada.
Vale dizer que o reajuste não foi causado por um aumento no preço de produção. Assim como tem feito com a gasolina e o diesel, a Petrobras reduziu o preço do gás de cozinha (GLP) nas refinarias. A queda acumulada no ano é de cerca de 12%.
Faz sentido estocar botijões? As distribuidoras de gás alertam para os riscos de se manter mais de um botijão de gás em casa. O botijão é um produto que pode explodir e causar acidentes graves, caso seja armazenado em condições inadequadas.
A ANP emitiu uma nota esclarecendo que o fornecimento de gás está ocorrendo normalmente. O problema, segundo a Agência, é que o aumento da demanda causou problemas de distribuição pontuais.
O que dizem as distribuidoras de gás? Nossa reportagem fez contatos com as principais distribuidoras para saber quando o fornecimento será normalizado. Em nota, a Liquigas, que pertence ao grupo da Petrobras, disse que “todas as unidades de distribuição estão operando para atender a demanda”.
Já a Ultragaz orienta os clientes a fazer a compra do botijão de forma consciente, “lembrando que um vasilhame dura, em média, de 30 a 45 dias. Portanto, não há motivo para fazer estoques”. A distribuidora acredita que o abastecimento será normalizado até o início da semana que vem.
A Consigaz e a Supergasbras não responderam ao contato da reportagem.
O que dizem os pontos de revenda? Em contato com os donos de revenda, o desabastecimento ficou evidente. Eles atribuem a falta à corrida dos consumidores. “Vi gente levando dois, três botijões de uma vez. Isso nunca havia acontecido”, relatou um revendedor de São Paulo.
Os que reajustaram os preços dizem que o fizeram por causa do aumento da demanda e para coibir a prática da compra para fazer estoque.
O que o consumidor deve fazer? O Procon de São Paulo tem acompanhado tanto a questão do desabastecimento quanto a cobrança abusiva de preços pelo botijão. “Somos contra qualquer aumento de preço sob qualquer justificativa que não seja o aumento de de despesa operacional”, diz Fernando Capez, diretor executivo do Procon-SP.
Ele diz que os estabelecimentos que forem pegos praticando preços abusivos serão multados e o responsável pode ser conduzido para a delegacia, por crime contra a ordem econômica. “O gás é um item de consumo essencial para as famílias. Alguns pontos de venda estão se aproveitando da necessidade do consumidor”.
E o gás encanado? Quem tem gás encanado em casa não precisa se preocupar. A ANP garante que o fornecimento está normal.
Vale lembrar que a maior parte dos governos determinou a proibição de corte do fornecimento do gás em razão do não pagamento da conta. É o caso de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Santa Catarina, por exemplo. Essa é uma medida emergencial, para amparar as famílias durante a crise causada pelo coronavírus.
A questão é que a estrutura de gás encanado costuma se limitar às regiões centrais da cidade. Nos bairros periféricos, a população mais pobre depende do uso do gás em botijão, que agora ou está em falta ou está caro demais.