Covid-19 e tratamento contra a doença podem causar alterações hepáticas em pacientes

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Gastroenterologista Amanda Morêto explica que 15 a 50% de todos os infectados apresentam sinais no fígado.

Desde os primeiros casos confirmados de infecção pelo Sars-CoV-2, muitas consequências físicas causadas pelo vírus têm sido descobertas, como é o caso das alterações das enzimas do fígado, principalmente ligadas aos casos mais graves da doença.

De acordo com a gastroenterologista Amanda Morêto, pesquisas divulgadas em todo o mundo apresentam resultados importantes sobre tais efeitos, que chegam a metade dos pacientes, no geral. “No surto do Sars-CoV-1 (Síndrome Respiratória Aguda Severa) anterior, em 2002/2003, sobretudo na China, cerca de 60% dos casos apresentavam problemas no fígado. Na Covid-19, esse índice gira em torno de 15 a 50%. Porém, em ambos, o quadro hepático vem acompanhado de casos mais graves e com maior risco de mortalidade”, diz.

A gastroenterologista explica que as alterações são, quase sempre silenciosas e laboratoriais, o que torna raro o aparecimento de sintomas hepáticos agudos – dores e mudanças perceptíveis na vida do paciente – e reforça a necessidade de atenção ao exames do fígado em pessoas que passaram por tratamentos devido à infecção. “O corticoide, que é o único medicamento com evidência comprovada de redução da mortalidade, é muito usado nas internações e ele, assim como outras intervenções, pode causar alterações importantes nas enzimas do fígado”, diz.

A especialista salienta que, por isso, os pacientes que tiveram quadros graves da Covid-19 ou que apresentam histórico de problemas no fígado devem procurar um especialista para passarem por exames. Já os casos leves podem manter apenas a avaliação anual padrão de check-up.

Ainda segundo Amanda, é importante que os pacientes que desenvolveram essas alterações ou pessoas que já convivem com problemas no fígado e estão em tratamento ou aguardando transplante, não evitem a vacinação.
“Não há contraindicações para a imunização. Pacientes com doença hepática crônica, inclusive, têm sido incluídos como prioridade junto de outras comorbidades para receberem as vacinas”, explica.

Quem é Dra. Amanda Morêto?

Formada em 2012 pela Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (EMESCAM), Amanda Morêto Longo fez residência de clínica médica pelo Hospital da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e, na sequência, de Gastroenterologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Possui fellowship na Unidade de Gastroenterologia do Hospital Clinic de Barcelona, na Espanha. É especialista titulada pela Federação Brasileira de Gastroenterologia e também é doutoranda em Hepatologia pela Faculdade de Medicina da USP.

Atualmente, faz parte do corpo clínico da GastroVita Araraquara, é médica assistente do Hospital Estadual de Américo Brasiliense e professora da disciplina e do internato de Gastroenterologia, do curso de medicina, da Universidade de Araraquara (Uniara).

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