A covid longa tem recebido vários nomes – entre eles condição pós-covid, síndrome pós-covid e covid crônica –, mas todos se referem às sequelas enfrentadas por quem já teve covid.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a covid longa “ocorre em indivíduos com histórico de infecção por SARS CoV-2 provável ou confirmada, geralmente até três meses após o início da covid-19, com sintomas que duram pelo menos dois meses e não podem ser explicados por um diagnóstico alternativo”.
Ainda segundo a OMS, entre 10% e 20% das pessoas que tiveram covid-19 continuam apresentando alguns dos sintomas depois da fase aguda da doença (os primeiros 30 dias).
No Brasil, um estudo desenvolvido pela Fiocruz Minas avaliou por 14 meses os efeitos da covid a longo prazo em 646 pacientes que tiveram a infecção. Deles, 324 tiveram a covid longa, ou seja, 50,2%.
A causa da covid longa ainda é desconhecida. A hipótese mais aceita por especialistas aponta para uma inflamação crônica, pós-infecciosa, uma situação já conhecida com outros patógenos como o citomegalovírus e a dengue. Além dos microrganismos que predispõem essa síndrome inflamatória crônica, acredita-se também que algumas pessoas tenham predisposição genética.
Mas isso não acontece apenas com a covid longa. Síndromes pós-virais são estudadas desde a década de 1980, então já se sabia que doenças infecciosas deixam sequelas. Contudo, existe falta de consenso sobre as causas, porque cada pesquisa conta com métodos diferentes.
Segundo a Fiocruz, há algumas comorbidades que podem ser agravantes, como hipertensão arterial crônica, diabetes, cardiopatias, câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal crônica, tabagismo e alcoolismo. Por levarem à infecção aguda mais grave pela covid, essas comorbidades também aumentam a chance de ocorrência de sequelas.
Sintomas de covid longa
Os sintomas de covid longa são oscilantes: eles podem durar por dias ou meses, de maneira permanente ou passageira (às vezes, podendo retornar). Eles ocorrem em qualquer parte do corpo, mas sabe-se que o impacto no funcionamento diário do organismo é uma das principais características da síndrome.
A pesquisa feita pela Fiocruz citada anteriormente listou 23 sintomas comuns entre os brasileiros monitorados. O principal deles foi a fadiga – cansaço extremo e dificuldade em realizar atividades rotineiras.
Em seguida, os sinais que mais aparecem são:
- Tosse persistente
- Dificuldade para respirar
- Perda do olfato ou paladar
- Dores de cabeça frequentes
- Insônia
- Ansiedade
- Tontura
- Trombose
O comprometimento cognitivo, que pode envolver sintomas como a dificuldade de concentração e o esquecimento, também é uma queixa recorrente. Outra pesquisa (feita por cientistas de Londres, Nova Iorque e Portland) apresenta uma lista com 203 sintomas de covid longa.
No estudo, a conclusão foi que 56 dos mais de 200 sinais persistiram por mais de sete meses. Os mais prevalentes incluem os citados acima, além de estresse pós-traumático, manifestações renais, endócrinas e metabólicas. A Unimed também fez uma pesquisa própria. Foram 115 Unimeds participantes espalhadas pelo Brasil e as sequelas de covid identificadas também foram neurológicas, pulmonares e cardíacas.
Entre as mais relatadas, estão fadiga (60% dos entrevistados), fraqueza muscular (54%), cefaleia (42%), ansiedade (38%), dispneia (falta de ar ou dificuldade de respirar, 37%), dificuldade de concentração (35%) e perda de olfato e paladar (35%).
É importante saber que não há teste específico para diagnosticar a covid longa. Os sintomas podem vir até mesmo de outras enfermidades. Por isso, buscar ajuda médica em caso de suspeita é fundamental.
O tratamento para quem tem sequelas da covid
Assim como outros aspectos da covid longa, o tratamento também pode mudar de acordo com o histórico do paciente e o local onde é feito.
No Reino Unido, por exemplo, há as seguintes etapas: investigação das causas orgânicas e tratáveis, planejamento do processo (como a indicação de quais especialistas necessários), avaliação do impacto dos sintomas e se há evolução deles; manejo (como a formação de um grupo de apoio e orientação de família e amigos) e monitoramento (feito por aplicativos digitais).
Até o momento, a comunidade científica identificou a tendência de que os casos mais severos resultam em sequelas permanentes e os casos leves, sintomas transitórios, mas qualquer pessoa que já foi infectada com o coronavírus pode acabar experimentando a covid longa.
Um estudo internacional feito em 2020 (quando não havia vacina) aponta que pacientes apresentaram nevralgia (dor muito forte nos nervos) e até acidente vascular cerebral.
Como em qualquer doença, é melhor prevenir do que tratar. Sabe-se que as vacinas podem diminuir as chances de uma pessoa desenvolver covid longa, porque evitam as inflamações no organismo.
Em agosto de 2022, o total da população brasileira vacinada com a primeira dose é de 84,08%. Cerca de 79% recebeu a segunda dose e 47,47% a dose de reforço.
Mas atenção: o acompanhamento médico deve ser feito independentemente da intensidade dos sintomas. Eles podem interferir na sua qualidade de vida e, visto que a covid longa afeta as pessoas de diferentes formas, só um profissional poderá avaliar sua situação para indicar o tratamento adequado.
e você tem suspeita ou confirmação de infecção pelo coronavírus, procure manter suas consultas médicas em dia para identificar e tratar as possíveis sequelas da doença.
Fontes: Fiocruz | Conselho Nacional de Saúde | SBCM | UFSM | CDC