Falsários utilizam suposto auxílio do governo para enganar as vítimas e roubar dados dos usuários. Especialistas alertam para a prática em período de crise.
Golpistas se aproveitam da pandemia de Covid-19 para aplicar golpes no Rio Grande do Sul. Entre as modalidades, está a prática de espalhar vírus em equipamentos eletrônicos para extrair dados dos usuários e até extorquir dinheiro de vítimas com falsa ajuda do governo.
Em uma delas, as pessoas são levadas a informar os números do cartão de crédito para realizar um exame que supostamente detectaria o coronavírus. Em outro golpe, as vítimas teriam de clicar no que seria um mapa da doença pelo mundo, mas quem clica pode ter o celular bloqueado.
Os aplicativos são criados com base em informações da Organização Mundial da Saúde e disponibilizados em lojas de aplicativos. Segundo o especialista em crimes virtuais Ronaldo Prass, os falsários pedem dinheiro para liberar o aparelho.
“Quando o usuário baixa o aplicativo, precisa liberar algumas permissões para que funcione. Na verdade, elas farão com que o aplicativo criptografe a memória do celular. Ou seja, vai embaralhar digitalmente, e os criminosos vão usar esses dados para obter dinheiro para liberar essas informações”, explica.
“Além disso, os golpista ameaçam liberar essas informações na internet, o que pode ser um grande problema”, acrescenta.
As fraudes mais comuns exploram a crise econômica gerada pela pandemia. Elas usam a ajuda anunciada pelo governo, de R$ 200 por autônomo, para espalhar mensagens sugerindo que os trabalhadores cliquem em um link para se cadastrar. O morador de Bento Gonçalves Joneval de Carvalho quase chegou a repassar dados pessoais ao acessar a mensagem.
“Eu cheguei a passar meu CPF, minha data de nascimento, meu nome, e quando foi pedir a filiação, eu vi que a mensagem foi cortada”, relata Joneval. “Fiquei preocupado porque eu compartilhei, passei para um amigo meu, que apagou logo. Mandou dizer que era fake, que era vírus.”
Existe, ainda, um outro golpe, em que uma fábrica de bebidas supostamente distribuiria álcool gel para a população. Ao clicar nas palavras “continue lendo”, em vez de ir para a continuação da mensagem, a vítima é direcionada para um site que pode roubar informações pessoais.
O delegado de crimes informáticos André Lancet alerta para este tipo de ação, que pode instalar vírus nos equipamentos das vítimas. “Os criminosos sempre buscam, mandando essas mensagens, furtar os dados das pessoas com o objetivo de aplicar algum tipo de golpe futuro.”