Pesquisa mostra que o uso de informações de pagamentos online e do Cadastro Positivo facilita a avaliação de risco de microempreendedores
Com juros baixos e condições de empréstimo flexíveis, o microcrédito produtivo foi criado para auxiliar no crescimento de empreendedores de baixa renda e reduzir a pobreza no país. Porém, apenas 1,3% dessa população acessa qualquer modalidade de crédito formal. É o que mostra pesquisa realizada pelo Empreender 360, programa da Aliança Empreendedora e do Bank of America.
“Nosso objetivo, com essa pesquisa, é oferecer informações qualificadas sobre o ecossistema de apoio ao empreendedor para empresas e organizações que lidam com inclusão financeira. O que descobrimos foi que existe demanda por microcrédito e instituições interessadas em oferecê-lo, mas falta comunicação efetiva entre os dois lados, além de custos altos que complicam a operação da concessão”, diz a diretora-executiva e co-fundadora da Aliança Empreendedora, Lina Useche.
Uma das soluções apontadas pelo estudo é a mudar a forma de realizar avaliações de risco, utilizando-se de dados digitais. Os empreendedores de baixa renda raramente têm um histórico bancário formal, tanto do seu negócio quanto pessoal, e as garantias tradicionais exigidas para empréstimos. Nesse sentido, a coleta de dados pelo Cadastro Positivo, por contas digitais e pelo histórico pagamentos online, por exemplo, promove uma avaliação mais justa e adequada à realidade da população.
Um exemplo é a startup Firgun, que fornece crédito a microempreendedores a partir de empréstimos coletivos. Para fazer a avaliação de risco, utiliza um questionário de saúde financeira e aceita formas alternativas de comprovação do fluxo de caixa, como o extrato da maquininha ou fotos de cadernos de anotação.
Outras soluções
A pesquisa também demonstrou que muitos empreendedores desconhecem a existência de microcrédito e não têm confiança em instituições financeiras tradicionais. “As organizações financeiras precisam se aproximar da realidade dos empreendedores e investir em novos canais de comunicação. O microcrédito deve ser encarado como algo que melhora a qualidade de vida, e não apenas como um ‘pequeno crédito'”, diz Lina.
Outra medida a ser tomada é garantir o uso correto do crédito por meio de programas de educação financeira e de gestão, impactando positivamente o crescimento do empreendimento e a renda do empreendedor. Isso diminui os riscos de inadimplência e aumenta as chances de crescimento do negócio.
“Em ambos casos, percebemos que a figura do agente de crédito em campo, estabelecendo contato direto com o empreendedor, traz resultado positivo. É alguém que provê segurança, orientações e acompanhamento”, defende.