Agressora diz que diretora acusou seu filho de usar drogas e o dispensou da escola em Araras (SP). Advogada da vítima disse que tentará medida protetiva e entrará com ação judicial.
Por G1 São Carlos e Araraquara
A diretora da Escola Estadual Dr. Cesário Coimbra, Danielle Conte Dalbem, que foi agredida pela mãe de um aluno em Araras (SP), nega que tenha acusado o adolescente de 17 anos de ter usado drogas e o dispensado da escola, segundo a advogada de defesa Raquel Sarmento.
A vítima, segundo a advogada, está abalada com a violência ocorrida no dia 5 de fevereiro e ainda se recupera dos ferimentos no rosto, no pescoço e no tórax, todos do lado direito. A Polícia Civil vai apurar o caso e a Diretoria Regional de Ensino repudiou a agressão.
“A situação da Danielle não é fácil, estou com o óculos dela quebrado aqui, mas o abalo psicológico é algo lamentável. Inclusive ela está de licença, ela não consegue nem conversar sobre o assunto”, disse Raquel.
Abordagem
Segundo a advogada, Danielle estava na sala da direção quando recebeu a informação de uma professora sobre um aluno que não estava fazendo as atividades e estava dormindo na sala de aula.
Antes disso, ainda segundo Raquel, outra professora já tinha alertado que um grupo de jovens estava fumando um cigarro, que aparentava ser maconha, do lado de fora da escola antes da aula. Entre eles, a professora apontou o adolescente.
“A Danielle foi até a sala e tentou uma conversa com ele: “você está bem?” Aí ele levantou a cabeça e falou “estou sim”, aí ela disse “você pode me acompanhar até a direção? Vou precisar falar com a sua mãe”, contou a advogada.
Segundo Raquel, a diretora deixou o aluno esperando no corredor e pediu à secretária que ligasse para a mãe dele e a avisasse quando a mulher chegasse.
Agressão
Após 10 minutos, segundo Raquel, o aluno e a mãe acionaram a porta para entrar na escola. A diretora contou que não imaginava que ele estava do lado de fora da escola, mas depois foi informada que ele saiu do prédio sozinho e foi chamar a mãe.
“No que a mãe entrou no prédio ela já foi agredindo com vários socos, inclusive quem ajudava a segurar era o próprio menino. A impressão que dava era que ela queria adentrar o local a ponto de agredir quem viesse na frente dela”, disse.
Danielle foi atingida com socos no rosto e teve arranhões no pescoço. A Polícia Militar foi chamada, ela foi socorrida pela própria equipe e depois encaminhada junto com a agressora para a Delegacia de Defesa da Mulher, onde o boletim foi registrado na presença das duas partes.
“A mãe foi ouvida e confessou ter agredido. Ali ela fala uma situação que nenhum dos professores confirma que aconteceu. A única coisa que ela falou foi: “vou conversar com a sua mãe”, absolutamente nada mais que isso”, disse a advogada.
Justiça
Após a agressão, a mãe do aluno fez uma postagem no Facebook relatando a sua versão. Em alguns comentários, segundo a advogada, ela incitava a violência contra a diretora.
“Ela confirma ter agredido, convoca outras pessoas e isso desencadeou uma circunstância na sociedade. Eu já estou entrando com uma medida cautelar pedindo para o Facebook apresentar todas as postagens, inclusive de alunos que falaram que tem que bater mesmo, tem que dar paulada, ou seja, instigando a sociedade a praticar ainda mais violência”, disse Raquel.
Ainda de acordo com a advogada, na quarta-feira (12), ela irá conversar sobre a possibilidade de conseguir uma medida protetiva contra a agressora na Delegacia de Defesa da Mulher e também vai entrar na Justiça para tomar providências indenizatórias por danos material e moral.
“A gente não tem que tratar apenas como um desacato ou uma lesão corporal, ela traz já outros registros policiais e ela tem um histórico. E na hora que ela vai para as redes sociais, ela incita”, disse.
Na segunda-feira (10), a mãe do aluno disse que não se arrepende de ter batido na diretora, após a mesma ter ‘virado as costas’ para ela após fazer questionamentos sobre o filho.
Afirmou ainda que o filho já se submeteu ao exame de urina para provar que não estava sob uso de entorpecentes. Ela também alegou que o jovem foi transferido da escola sem nenhum aviso.
Diretoria Regional de Ensino
Em nota, a Diretoria Regional de Ensino repudiou a violência. (veja abaixo). Sobre a transferência do aluno, informou, por telefone, que ela foi feita em comum acordo com a mãe, mas ela nega.
A Diretoria Regional de Ensino de Pirassununga repudia todo e qualquer ato de violência dentro e fora do ambiente escolar, assim como lamenta o ocorrido. A diretora da unidade registrou boletim de ocorrência. O Conselho de Escola irá se reunir nesta semana para decidir as providências a serem tomadas. A unidade já incluiu o caso na Plataforma Conviva (Placon). A DE está à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas.