Tecnologia pode ser uma alternativa ao exame RT-PCR. Teste em humanos começa em 2021.
Pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram um dispositivo que detecta o novo coronavírus de forma mais rápida e barata. A expectativa é que ele seja uma alternativa ao exame RT-PCR, o mais usado atualmente.
A nova tecnologia foi criada em parceria com a Embrapa Instrumentação e o Instituto de Pesquisa Péle Pequeno Príncipe, de Curitiba (PR). Segundo os cientistas, a próxima etapa será a realização de testes em humanos, a partir de 2021. “Se nós pudermos disseminar essa tecnologia, poderemos aplicar para toda a população brasileira e, assim, identificar mais rapidamente os infectados, isolá-los e, com isso, diminuir a propagação da doença”, explicou o professor do IFSC, Osvaldo Novais de Oliveira Júnior.
Inovação
Por um lado, uma lâmina de vidro coberta de ouro, que funciona como um sensor, carrega uma sequência de RNA que simula o material genético do coronavírus. Por outro, na geladeira do IFSC, há uma solução, imitando uma saliva infectada, que também leva o genoma similar ao da Covid-19.
Durante o teste, os cientistas mergulham o sensor no líquido contaminado e, depois, levam a lâmina para análise. O objetivo é cruzar informações genéticas da saliva com o genoma gravado no sensor.
“[Quando] uma amostra infectada com o vírus entra em contato com o sensor, o sistema captura esse genoma e emite o sinal que pode ser interpretado como uma amostra positiva pelo sistema de reconhecimento de infecção. Já uma amostra negativa, de um indivíduo saudável, não emitiria um sinal tão intenso”, disse o pesquisador Matias Eliseo Melendez.
Formas de análise
Segundo os pesquisadores, há pelo menos três formas de detectar a presença do coronavírus na amostra. A primeira é quando o sensor é colocado em um dispositivo que emite corrente elétrica para ler os dados, gerando os resultados em forma de gráfico.
A segunda, é por meio de um leitor óptico, em que uma luz atravessa o material genético do sensor e, a terceira, é uma leitura de fotos tiradas por um microscópio, com o auxílio de um programa de computador que usa inteligência artificial para identificar a infecção.
Vantagens
No teste convencional para a Covid-19, o diagnóstico demora pelo menos 2h. Com a nova tecnologia desenvolvida pela USP, o resultado sai em 30 minutos. Além disso, de acordo com os pesquisadores, o baixo custo é um ponto positivo.
“O custo do sensor sai por R$ 6 ou R$ 7, porque é um produto de nanotecnologia que emprega quantidades muito pequenas de material. Além disso, o custo também é baixo porque as técnicas de medidas não exigem equipamentos sofisticados e nem muito tempo de processamento”, afirmou o professor Oliveira Júnior.
Outras vantagens é que o dispositivo é portátil e pode ser levado até o paciente, podendo detectar diversas doenças, como o câncer, e contaminações por vírus e bactérias.