Estudantes de moda do Senac de Campinas (SP) desenvolveram quatro propostas para repaginar a figura do Bom Velhinho: tem criança, mulher negra e esportista.
Nada do senhor de barba branca e roupas pesadas. Estudantes de moda “desconstruíram” o Papai Noel e criaram novos looks onde o ‘Bom Velhinho’ pode ser criança, esportista, uma mulher negra ou adotar um visual bem tropical. Os estilistas valorizaram a diversidade e o empoderamento nas releituras para uma figura simbólica do Natal.
A “reconstrução” do Papai Noel agradou a professora e designer de moda Justine Armani, que orientou os trabalhos no Senac Campinas (SP).
“Foi um desafio muito interessante e a turma é extremamente criativa. Eles usaram assuntos que abordamos e que são pertinentes nos dias atuais, e construíram narrativas em que acreditam”, avalia.
Pequeno Noel
Thomaz tem apenas 8 anos mas, na visão dos estudantes Gabriel Carvalho, Amanda Padilha, Daniela Bueno, Érica Ioriati e Karina Domingues, encarnou uma nova versão do Papai Noel. Ou melhor, a versão do ‘Bom Velhinho’ criança.
“A ideia era mostrar como era o Papai Noel quando pequeno, com ar de pureza, inocência”, defende o grupo. Para isso, o personagem manteve a identidade nas cores e elementos que ainda remetem ao adulto, como a cor da bermuda e o suspensório.
Os estudantes de moda ainda trabalharam uma mensagem com a proposta do ‘Pequeno Noel’, como batizaram a criação.
“Quando a gente cresce e se torna adulto, esquece muita coisa importante, entre elas o sentido do Natal. Sempre infeliz, sempre querendo mais, dando importância a alguns problemas e deixando de observar outros. Como crianças que estão na rua, não tem um lar, comida, uma pessoa para se sentir amada”, destaca Érica.
Mulher Noel
“Estamos vivendo numa ‘era’ onde as mulheres são empoderadas, onde elas são o que elas querem. E a gente quis trazer isso, com uma modelo negra, plus size, para trazer essa diferença, essa mudança. É como se fosse um rompimento.”
É assim que Mariana Macena define a criação do look “Mulher Noel”, uma proposta de desconstrução do Papai Noel tradicional.
O grupo que conta ainda com Annynha Castro, Gabriela Dias e Luana Santos encabeçou o tema girl power. “Pensamos na desconstrução da figura do Papai Noel, e como a modelo é toda ‘modificada’, mantivemos o padrão de cores tradicionais no look”, argumenta Annynha.
Esportista
A bota deu lugar ao tênis preto, e a vestimenta toda vermelha está lá, só que mais curta, moderna e pronta para entrar em quadra… Para um grupo de estilistas do Senac Campinas, o esporte deu o tom na desconstrução do Papai Noel, que pode ser negro, atlético e bem descolado.
“O esporte está em nossas vidas desde criança, tem energia, é convidativo. Pensamos em manter as cores, mas repaginamos o visual. É um atleta, mas tem tudo ligado ao Natal”, explica Demi Madureira.
O grupo que conta ainda com as estudantes Clécia Ferreira Alves, Rafaela Camila Silva, Naiara Lopes e Letícia Firmino defendeu um Natal mais democrático.
“Nós estamos na fase do empoderamento, da diversidade. As pessoas estão querendo se ver na figura do Papai Noel, querendo se ver em outras figuras”, afirma Demi.
Natal brasileiro
Para o grupo formado por Roberto Euzébio, Talita Martins e Tuane Ramos, repensar a figura do Papai Noel foi a chance de fazer uma ruptura total com a cultura norte-americana de um Natal supergelado.
“Não faz sentido pra gente enfeitar a casa com neve, com pinheiro de plástico. Nossa fauna é maravilhosa, é incrível, suculenta. A gente quis trazer bastante da nossa cultura e reconstruir todo esse Papai Noel, com mix de estampas, brilho. Pensamos também no Nordeste, com o tom mais terroso”, defende Euzébio.
Além de repensar cores e estampas, o grupo propõe nova fluidez para o visual, pensando no verão brasileiro em pleno Natal. “O Papai Noel veste uma roupa superquente, e é totalmente desconexo da nossa relação, do nosso clima”, completa.
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