‘Dois Irmãos’, nova animação da Pixar, explora relação entre pai e filhos

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Roteiro tem referências em obras de fantasia e aventura como ‘O Senhor dos Anéis’ e ‘Indiana Jones’.

Um espectador mais atento pode ver “Dois Irmãos – Uma Jornada Fantástica” e notar sinais de cansaço na parceria Disney e Pixar, após clássicos como “Toy Story”, “Wall-E” e “Up – Altas Aventuras”.

A animação que estreia no Brasil nesta quinta (5) tem: Personagens opostos e obrigados a conviver numa viagem inesperada; A busca por um objeto (mágico) que ajuda protagonistas no objetivo; Coadjuvantes que dão um toque de humor ao apresentar características destoam do que você espera; Uma lição que faz os personagens mudarem.

Porém, mesmo com todos esses ingredientes repetidos, é incrível notar que a Pixar não perdeu o fôlego. Ela ainda é capaz de fazer entretenimento de primeira e levar a uma reflexão.

Em “Dois irmãos”, elfos, unicórnios, centauros, fadas e outros seres mitológicos convivem em harmonia. Este mundo fantástico era regido pela magia, aos poucos trocada pela tecnologia.

Neste universo, existe a cidade de New Mushroomton, onde vive a família de elfos Lightfoot. O mais jovem, Ian (dublado por Tom Holland), é introvertido e sempre quis conhecer o pai, que morreu.

No dia em que completa 16 anos, sua mãe Laurel (Julia Louis Dreyfus, de “Seinfeld”) lhe dá um presente: um cajado que, junto de uma pedra mágica, pode ajudar a trazer o patriarca de volta à vida por 24 horas. Mas só metade do corpo reaparece.

Já o irmão mais velho, Barley (Chris Pratt), é expansivo, gosta de mágica, de RPG e de se meter em confusões. Ele convence Ian a sair numa viagem em sua van para concluir o feitiço e passar um tempo com o pai (levado a tiracolo).

Ian e Barley enfrentam perigos para conseguir rever o pai em ‘Dois Irmãos – Uma Aventura Fantástica’ — Foto: Divulgação

Senhor dos Anéis + Indiana Jones

A animação tem referências a obras de aventura e fantasia, como “O Senhor dos Anéis”, como o visual de um mago que é muito parecido com o Gandalf.

Além disso, obstáculos que Ian e Barley têm que passar para conseguir o seu objetivo são semelhantes aos dos filmes de Indiana Jones. Isso dá um certo charme à busca dos protagonistas, além de divertir bastante.

A animação, dirigida por Dan Scanlon (“Universidade Monstros”), não é muito inovadora. “Dois irmãos” segue a cartilha desenvolvida pela Pixar. Mesmo assim, é curiosa a concepção de um mundo em que seres mitológicos (um deles da comunidade LGBT) são devotos da tecnologia.

Por isso, eles se tornam um pouco mais preguiçosos do que no passado, como na vida real. Mas essa, é claro, não é uma sacada nova: já tinha sido mostrada em “Wall-E”, por exemplo.

Outro detalhe criativo é mostrar que, também por causa da tecnologia, habitantes deste universo (unicórnios, fadas) mudaram a forma de ser e agir.

Barley e Ian tentam trazer o pai de volta em ‘Dois Irmãos – Uma Jornada Fantástica’ — Foto: Divulgação

Um morto muito louco

O que torna “Dois Irmãos – Uma Jornada Fantástica” uma experiência que vai além de uma diversão corriqueira é o roteiro.

Embora alguns personagens poderiam ter sido melhor concebidos, como a Manticora (dublada por Octavia Spencer), o enredo ganha pontos em interligar bem todos os elementos da trama. Ele também cria situações divertidas entre Ian, Barley e seu pai pela metade.

As cenas que mostram o pai se enrolando para caminhar por estar apenas com parte de seu corpo visível e as tentativas de disfarçar tudo aquilo fazem lembrar a comédia “Um Morto Muito Louco” (1989).

Mas o que realmente torna o filme memorável não é a parte da comédia. Assim como em “Viva – A Vida é uma Festa”, o roteiro trabalha a questão de perder um ente querido e o que poderia ser feito se fosse oferecida uma segunda chance com ele.

Ao contrário de “Frozen 2”, que perdeu uma grande chance de ir mais fundo nas emoções de Anna e Elza ao perderem os pais, “Dois Irmãos” lida melhor com isso. Ele é sincero e tocante.

Além disso, o filme desenvolve muito bem a dinâmica entre Ian e Barley. É uma parceria autêntica e nenhuma das cenas mais emotivas soa forçada ou desnecessária.

Com essa mistura de diversão e emoção, “Dois Irmãos” mostra que a Pixar criou um filme que dá vontade de ver mais de uma vez, de preferência com um ou mais parentes.

Afinal, por trás de toda a fantasia e dos elementos mitológicos, o filme toca no coração de espectadores de 8 a 80 anos (ou até mais), fazendo valer o clichê “para toda a família”. E essa é a verdadeira magia no final das contas.

Cena da animação ‘Dois irmãos’ — Foto: Divulgação/Pixar
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