Motivo do crime seria o cancelamento de contrato e dívida de serviço de transporte escolar, diz polícia.
O empresário suspeito de envolvimento no assassinato do prefeito de Ribeirão Bonito (SP), Chiquinho Campaner, se entregou à Polícia Civil na noite desta sexta-feira (3), em Limeira (SP). O homem, que não teve a identidade divulgada, ligou para a polícia e informou sua localização para se entregar, segundo o delegado Reinaldo Lopes Machado.
O suspeito foi levado por policiais de Ribeirão Bonito para a Delegacia Seccional de São Carlos. Ele deve ficar no Centro de Triagem e vai prestar depoimento na segunda-feira (6). Ainda não há informações sobre a defesa dele.
O motivo do crime teria sido por conta do cancelamento de um contrato de transporte escolar e a falta de pagamento de serviços prestados à prefeitura, segundo a Polícia Civil. Campaner foi assassinado com quatro tiros no dia 26 de dezembro do ano passado. O chefe de gabinete e um amigo também foram baleados e já receberam alta.
Vigilante preso
O vigilante Cícero Alves Peixoto, também suspeito de participar do crime, foi preso na noite de quinta-feira (2) em São Paulo e confessou o crime. Segundo o delegado do Geraldo Souza Filho, ele deu detalhes de como aconteceu o assassinato.
Peixoto já tem passagens pela polícia por outros dois homicídios. A advogada de defesa dele, Fabiana Luchesi, afirmou à CBN São Carlos que ele admitiu ser coautor do crime, mas não foi o responsável pela execução. “Está disposto a colaborar com as investigações, com a Justiça, e acabou declarando toda a participação dele nesse crime”, disse.
O carro usado por ele no dia do crime, um Honda Fit preto, foi apreendido. De acordo com a polícia, o veículo era emprestado de um amigo.
Contrato cancelado
Em coletiva de imprensa durante a tarde desta sexta-feira (3), em São Carlos, a polícia disse que a motivação do crime foi o cancelamento do contrato referente ao serviço de transporte fornecido pelo empresário. “Houve troca da empresa que fazia o transporte escolar. O empresário nunca se conformou com isso, sofreu vários prejuízos”, disse o delegado Geraldo Souza Filho.
Inconformado, o empresário teria planejado a emboscada que terminou com a morte do chefe do Executivo. De acordo com a polícia, Peixoto esteve algumas vezes em Ribeirão Bonito para “conhecer o terreno”.
Ele teria recebido dinheiro do empresário, mas o valor não foi divulgado. A polícia também não divulgou qual a participação de cada um no crime.
Segundo a polícia, os contratos do empresário com a prefeitura eram verbais. “É uma situação muito complicada que foi apurada durante as investigações. Existem muitas irregularidades apontadas lá, nas licitações, nos processos de pregão eletrônico, que devem ser investigados a fundo paralelamente ao crime de homicídio”, afirmou o delegado.
O crime
Chiquinho Campaner foi morto em uma estrada de terra na zona rural, na entrada do município. Os tiros atingiram a cabeça, o peito e o corpo do prefeito que morreu no local.
No ataque, o chefe de gabinete, Edmo Gonçalo Marchetti e Ary Santa Rosa também foram baleados. Os dois tiveram ferimentos, foram levados para o hospital e já tiveram alta.
O lavrador Claudinei Bonani foi o primeiro a chegar ao local do crime e ligou para a polícia. “Vi o prefeito caído, juntamente com o Edmo [chefe de gabinete], pedindo socorro”. Segundo a Polícia Civil, o prefeito não tinha registrado boletim de ocorrência relatando algum tipo de ameaça.
Campaner estava no primeiro mandato como prefeito, após ter sido vereador em Ribeirão Bonito.