Para especialista, o não pagamento de contas e serviços é um pensamento oportunista que pode piorar ainda mais a economia do Brasil
A pandemia de coronavírus já afeta fortemente a saúde da economia dos países e consequentemente a das pessoas. Indústrias, empresas e trabalhadores informais precisam parar para evitar a disseminação da covid-19. Assim, é hora de rever as contas pessoais e se preparar para o momento.
O economista Paulo Fernandes Baia, professor de economia do Centro Universitário da FEI (Fundação Inaciana Padre Sabóia de Medeiros) destaca que “estamos vivendo uma situação que não é comum, e que conhecemos apenas pelos livros de história”, ao se referir a paralisação mundial.
Segundo o especialista, seguramente haverá uma depressão econômica, várias cadeias produtivas estão paradas, “a maioria não está faturando, apenas aquelas que são necessárias, como por exemplo, máscaras de proteção, álcool em gel, setor de alimentos”.
Este efeito em cadeia, explica o especialista, poderá gerar grandes difculdades financeiras e até mesmo poderá ocasionar um salto no número do desemprego. Mas para ele, um dos fatores que pode ajudar a economia a se recuperar mais rápido, será a ética nos relacionamentos.
Comportamento oportunista
O professor comenta que o maior perigo desta situação é o comportamento oportunista, ou o famoso “calote”. É verdade que muita gente, principalmente trabalhadores informais, poderão ter sua renda reduzida, contudo, ele explica que esta não é a situação de todos.
“Pague suas contas se você pode”, reforça o especialista. O problema do não pagamento generalizado é que existam mais demissões e quebradeiras de empresas por causa do efeito espiral. “Assim, todos iríamos para o buraco”, explica.
Baia diz ainda que alguns acordos com prestadores de serviços devem ser feitos. “Se você tem empregada, deixe que ela fique em casa e pague mesmo assim, ou dê férias”, recomenda. Segundo ele, as pessoas que estão com uma condição mais favorável precisam ajudar para que o retorno da economia do país seja mais rápido.
Para ele, as compras que forem feitas pela internet fomentam outras áreas da economia. “Nessa situação, a ética não tem só uma importância moral, mas também uma importância de sobrevivência para todo mundo”, ressalta.
O que fazer com as contas?
O professor explica que todo mundo deveria guardar uma pouco da renda para estes momentos. Para ele, cada caso é um caso, contudo ele divide as recomendações em três situações.
Com poupança: aquelas pessoas que possuem poupança estão relativamente tranquilas e não devem cortar nada, até para evitar que outras pessoas sejam demitidas. “Quem tem poupança segue a vida normalmente”, explica.
Sem poupança, mas com renda: quem continua recebendo só deve cortar gastos desnecessários. E ainda, deve começar a guardar algum dinheiro. “Cortar gastos, só para quem precisa realmente”, destaca.
Endividado: já o endividado deve fazer um bom pente-fino cortar tudo que seja supérfluo, e se possível, continuar pagando as dívidas.
Futuro
Baia comenta ainda que as pessoas precisam manter a calma, já que ninguém está ganhando com esta situação. “Se você não fabrica máscaras ou álcool em gel, assim como a maioria, você não está faturando. Ninguém está ganhando. Mas sempre haverá um amanhã”, diz o economista.
Ele aconselha o investimento no capital humano e social, sair mais rápido da crise será mais fácil se você construir um bom relacionamento com seus clientes e seus amigos. “Aproveite para ligar para seus fornecedores, clientes, amigos estreitar os laços porque é com eles que você sairá da crise mais rapidamente quando ela passar”, recomenda.
E quem está em casa e tem acesso à internet deve aproveitar para estudar. “Você deve sair desta quarentena com mais ferramentas do que você entrou então aproveite para investir no seu capital imaterial, porque é aquele que você não perde”, finaliza.