Mãe da menina procurou a polícia e registrou um boletim de ocorrência, em Ariranha (SP). Docente foi afastado do cargo.
Por G1 Rio Preto e Araçatuba
A estudante de 12 anos que afirma ter recebido áudios e mensagens de um professor de matemática com conteúdo sexual, em Ariranha (SP), contou que o assédio começou dentro de sala de aula. O caso veio à tona depois que a mãe dela encontrou no celular da filha conversas mantidas com o professor e foi até a delegacia para registrar um boletim de ocorrência.
“Tudo começou na escola e depois foi para o celular. Ele me elogiava e perguntava de quem eu gostava. Nestes últimos tempos, ele falava que meu corpo era covardia, que era covardia eu estar da forma como estava. Ele ficava olhando”, afirma a menina.
Segundo a garota, o professor apresentava comportamentos diferentes. Na sala de aula, ele mantinha um comportamento sério, mas no WhatsApp era mais direto.
“Foi muito difícil conviver com as duas pessoas que ele era. Na sala de aula, ele era reservado, mas quando saía da escola começava pelo telefone”, diz a garota.
A estudante também diz que ficou assustada, mas que não entendia muitas coisas que o professor dizia nas mensagens. Com isso, ela conta que não quer retornar à escola.
“Ele foi me apresentando aquilo e me perguntava se eu sentia aquelas coisas que ele sentia por mim. Eu fiquei assustada, mas na verdade, o pessoal da sala tinha me alertado dizendo que ele queria fazer coisas comigo, mas eu sempre levei na brincadeira. Quando descobri, eu assustei bastante”, alega a menina.
Ainda de acordo com a aluna, o professor pedia para ela tomar cuidado, apagar as mensagens e não falar para ninguém para não ser prejudicado. “Eu tinha medo de falar para ele que não queria. Agora eu não quero voltar para escola porque sei que todos vão ficar me olhando diferente. Eu tenho certeza que eu se eu voltar, tudo vai lembrar ele”, diz a aluna.
Denúncia
A mãe da menina afirma que as mensagens foram descobertas no sábado (5). No dia seguinte, a família compareceu à delegacia para registrar um boletim de ocorrência contra o professor.
“É difícil falar do assunto. Eu passo mal de relembrar. Ele roubou toda inocência da minha filha, que foi criada com todos os princípios cristãos. Não teve ato sexual. Tive conhecimento a tempo. Mas os áudios e as conversas são muito perversos”, afirma a dona de casa.
Ao descobrir as conversas, a mãe pediu para a filha não parar de falar com o professor para que ele não desconfiasse e continuasse a mandar as mensagens com conteúdo sexual.
“Sentei do lado dela e pedi para ela escrever. Eu só chorava lendo o que ele respondia”, diz a mãe.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Gilberto César Costa, um inquérito policial foi aberto e as investigações estão sendo feitas. Os pais da menina já foram ouvidos e o celular dela foi apreendido.
Conforme determina a lei, crimes contra menores de idade são diferentes conforme a idade. Se a vítima ainda não completou 12 anos, só o fato de um adulto mandar mensagens de cunho sexual, configura crime.
Contudo, se a vítima já completou 12 anos, como é o caso da aluna, a polícia permanece apurando a situação para identificar algum constrangimento, importunação sexual ou assédio.
Em nota, a Diretoria Regional de Ensino de Catanduva (SP) informou que o professor foi afastado e que serão “aplicadas penalidades pertinentes se as denúncias forem comprovadas”. A reportagem tentou entrar em contato com o profissional, mas não obteve retorno.