Estudantes desenvolvem projeto para reaproveitar cobre de resíduo tóxico da indústria de joias

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Projeto é de três alunos de 16 anos de uma escola pública de Limeira (SP).

Três estudantes resolveram pesquisar e usar o conhecimento e a paixão por química para o bem da cidade em que moram. Alunos do ensino médio integrado ao técnico de química em uma escola estadual de Limeira (SP), a capital nacional da joia folheada, eles conseguiram reaproveitar o resíduo tóxico da indústria de joias como uma fonte de cobre.

A cidade lida com um problema para descartar o resíduo do processo de banho dos acessórios. O “lodo galvânico”, como é chamada a sobra, é rico em cobre e não pode ser descartado em um aterro sanitário comum por conta disso. No entanto, o projeto dos alunos mostra uma forma de extração e reaproveitamento dele.

Atualmente, as empresas de galvanoplastia, processo de banho das joias e bijuterias, têm de pagar para que o resíduo seja descartado da forma correta, em um aterro industrial. Com o projeto, a própria empresa consegue realizar o processo e até utilizar novamente o cobre extraído do lodo galvânico.

Esse projeto foi feito por Elizandra Larissa da Silva, Kaique Ferreira e Vitória Ventura. Os três têm 16 anos e são estudantes da Escola Técnica Estadual (Etec) Trajano Camargo, de Limeira. A metodologia desenvolvida por eles consiste na extração do cobre desse resíduo e reaproveitamento na própria indústria de joias.

O projeto dos três começou no primeiro ano do curso, mas a parte prática foi apenas no final do segundo ano. E rendeu bons resultados: levou quatro prêmios da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), além de 1º lugar na feira da empresa 3M e a vaga garantida para apresentar o projeto em uma feira nos Estados Unidos.

Kaique contou que a ideia inicial era fazer algo para dar uma destinação correta ao resíduo. “O cientista desenvolve as coisas para levar o bem para a população”, ressaltou.

Os estudantes tiveram como orientadores do projeto a coordenadora do curso de química Gislaine Barana Delbianco e o professor de química Sérgio Delbianco Filho. Ela explicou que a metodologia desenvolvida por eles atende às necessidades da empresa, que tem de armazenar o resíduo e dar destinação correta. “É uma dor de cabeça”, opinou.

Estudantes conseguiram reaproveitar o cobre de resíduo da galvanoplastia (Foto: Etec Trajano/Divulgação)

Estudantes conseguiram reaproveitar o cobre de resíduo da galvanoplastia (Foto: Etec Trajano/Divulgação)

Além das empresas, o projeto também atende o problema das jazidas de cobre do mundo. “O maior produtor de cobre do mundo é o Chile. A previsão é que as jazidas durem mais 5 a 10 anos”, explicou Gislaine. Além disso, enquanto a jazida contém cerca de 4% de cobre, o resíduo da galvanoplastia tem cerca de 22%.

A orientadora ainda disse que esse tipo de projeto com os alunos é uma forma de revolução na educação. “Eu acredito que a melhor forma de fazer o aluno deixar de ser passivo e se tornar ativo e ter essa capacidade de resolver problemas é através de projetos”, disse.

Processo

A metodologia do projeto consiste em extrair o cobre do lodo galvânico. Para isso, é preciso pegar o resíduo já em estado sólido, aquecer a 900ºC e colocar ácido clorídrico. O elemento vai fazer com que os metais que estavam sólidos fiquem líquidos.

Nessa solução, eles colocam palha de aço, a mesma utilizada para lavar louça em casa. O ferro que contém na palha se mistura aos metais e vira uma mistura sólida que eles chamam de “cobre metálico”.

Projeto dos estudantes levou o 1º lugar em uma feira da empresa 3M (Foto: Etec Trajano/Divulgação)

Projeto dos estudantes levou o 1º lugar em uma feira da empresa 3M (Foto: Etec Trajano/Divulgação)

Esse material pode ser transformado em sulfato de cobre e voltar para a indústria da galvanoplastia ou ser utilizado em barras de cobre. O resíduo que sobra disso é basicamente composto de carbonato, que pode ser descartado em um aterro sanitário comum. No entanto, até para esse resíduo os três estudantes estão pesquisando uma nova aplicação, para evitar o descarte.

O processo também tem custo baixo. Em um estudo preliminar, Kaique explicou que a cada 120 gramas de resíduo, o tratamento sai R$ 1, mas o processo pode ficar mais barato ainda quando se fala em escala industrial.

Para que a metodologia possa ser usada é preciso ainda mais pesquisas. A orientadora do projeto explicou que seria necessária uma parceria com alguma universidade credenciada para realizar a pesquisa e colocar em escala piloto.

Prêmios

Recheado de prêmios, o projeto foi selecionado para representar o Brasil na Feira Internacional de Ciências e Engenharia (Intel Isef), que aconteceu entre o dia 13 e esse sábado (19), em Pittsburgh, nos Estados Unidos. Lá, os estudantes apresentaram o projeto, mas dessa vez não foram premiados “oficialmente”.

Estudantes de Limeira desenvolveram metodologia para extração de cobre de lodo galvânico (Foto: Etec Trajano/Divulgação)

Estudantes de Limeira desenvolveram metodologia para extração de cobre de lodo galvânico (Foto: Etec Trajano/Divulgação)

Ele acrescentou que os avaliadores elogiaram a iniciativa e sugeriram atualizações. “Agora iremos ajustar algumas coisas e novas feiras nos esperam”.
Sob supervisão de Samantha Silva, do G1 Piracicaba e região

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