Estudos em diferentes países mostraram que o confinamento foi longo o suficiente para mudar o comportamento alimentar das famílias, de maneira positiva ou negativa.
Por Roberta Lara*
A pandemia, em tão pouco tempo, afetou as rotinas das pessoas em todos os sentidos: trabalhos, confraternizações, viagens e passeios. E com isso, muitas modificações na alimentação aconteceram, principalmente quando falamos da dieta das crianças.
Os novos estudos feitos com pessoas em diferentes países mostraram que o confinamento em casa foi longo o suficiente para mudar o comportamento alimentar das famílias, de maneira positiva ou negativa. Muitas pessoas adotaram o hábito de cozinhar, muitas famílias planejaram o cardápio, contudo, muitas pessoas aumentaram o consumo de refeições delivery e, consequentemente, elevaram seu consumo calórico.
Os profissionais de saúde estão preocupados com a obesidade, sobretudo das crianças e adolescentes que, de acordo com pesquisas durante esse período sem sair para as ruas nem para a escola, as crianças ingeriram mais doces e fast food, levando a um aumento considerável de peso.
Os dois lados da mudança
Um estudo publicado na Revista Española de Nutrición Comunitaria, compartilhado pela ABESO, mostrou que, em entrevista com cerca de mil indivíduos espanhóis pela web, 72% dos participantes tinham aumentando o consumo de mais frutas; 23% andam colocando mais legumes no prato e 20% consumiram mais peixes. As crianças da casa, de acordo com os entrevistados, seguiriam essa dieta mais saudável junto aos pais.
Já em Portugal, 47% da população aumentaram seu apetite por doces, escolhendo mais bolos, pasteis de nata e outros, mostrando que para os portugueses a pandemia aumentou o estresse e associadamente, um maior desejo por açúcar. Os primeiros números levantados em Portugal, após a fase mais rígida de distanciamento social, apontam que 25% dos indivíduos ganharam peso na quarentena, incluindo crianças e adolescentes.
No Brasil, é preciso ter um olhar ainda mais avançado para essas mudanças comportamentais, uma vez que os números da obesidade infantil não param de crescer. Pesquisas do Ministério da Saúde indicam que 12,9% das crianças do país de 5 a 9 anos, com estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) de que o Brasil tenha 11,3 milhões de crianças obesas em 2025.
É necessário potencializar a qualidade dos alimentos no cardápio das crianças e adolescentes! O consumo de frutas, legumes e verduras de 5 porções diárias garante uma alimentação rica em nutrientes. Considerando que vivemos um momento atípico, a orientação não é excluir alimentos, mas inserir opções melhores para equilibrar a rotina alimentar de toda a família!
*Roberta Lara é nutricionista e colaboradora da página sobre nutrição “5 minutos de nutrição”.