Taxas de evasão em universidades privadas bateram recorde nos dois anos de pandemia. Em 2021, 3,42 milhões de estudantes do ensino privado deixaram a faculdade.
Em 2021, a evasão em universidades privadas no Brasil chegou a uma taxa de 36,6%. Foram 3,42 milhões de estudantes que largaram a faculdade dentro do ensino privado no país. Esse é o segundo maior número de evasão na série histórica desde 2014, só ficando atrás de 2020, quando 3,78 milhões de estudantes pararam de estudar, deixando a taxa de evasão em 37,2%.
Os índices são inéditos e mostram o impacto da pandemia no ensino superior brasileiro. Os dados foram obtidos pela Globonews por meio de uma projeção feita pelo Semesp, instituto que representa as mantenedoras do ensino superior no Brasil. Segundo o diretor-executivo do instituto, Rodrigo Capelato, os estudantes mais afetados são aqueles com maior vulnerabilidade social.
“São os que geralmente precisam trabalhar para poder estudar. A maioria estuda à noite. E tiveram perda de emprego, ou perda de renda por trabalho informal. Eles não conseguiam mais pagar a mensalidade ou não tinham, inclusive, infraestrutura para poder assistir às aulas remotamente”, diz Capelato.
A evasão em universidades privadas é ainda maior quando o Ensino a Distância (EAD) é avaliado separadamente do presencial. Nesse módulo de ensino, a taxa de evasão chegou a 43,3% em 2021 — índice maior até do que em 2020, que ficou em cerca de 40%.
As taxas de inadimplência no ensino superior privado também cresceram nos dois anos de pandemia. Em 2020, pela primeira vez na série histórica desde 2014, ela chegou a quase 10% e em 2021 ficou em 9,4%.
De acordo com dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) e do Ministério da Educação de 2021, apenas 21% dos adultos de 25 a 34 anos possuem ensino superior completo no Brasil. Já o diretor-executivo do Instituto Semesp aponta que, atualmente, só 18% dos jovens de 18 a 24 anos no país estão cursando o ensino superior.
Para o especialista em educação, os números são ainda muitos baixos, sendo necessário ampliar as políticas públicas voltadas para esse problema social. “A gente tem uma meta do Plano Nacional de Educação que teria que atingir 33% dos jovens até 2024. Nós não vamos atingir e ainda vamos piorar esse índice”, afirma.
Fonte: G1