Alice Machado fez aniversário na sexta-feira (8) e um de seus sonhos era ter uma festa de 15 anos. Após os pais perderem o emprego, a família de Jarinu (SP) começou a vender brigadeiros no semáforo para realizar o desejo da filha. Festa é neste domingo (10).
O sonho de ser debutante sempre existiu para a moradora de Jarinu (SP) Alice Machado. O que ela não esperava é que os pais perderiam o emprego bem próximo ao seu aniversário de 15 anos. A tão esperada festa parecia estar cada vez mais longe, mas, para concretizar o desejo da Alice, a família começou a vender brigadeiros no semáforo na cidade vizinha, em Jundiaí.
A mãe de Alice, Dany Machado, contou que ela e o esposo estavam trabalhando em uma empresa e foram surpreendidos com a demissão há pouco mais de um mês. Ela e o marido se desesperaram pois, além da Alice, o casal tem mais quatro filhas.
“Eu perdi o chão, ficamos muito preocupados pensando o que iríamos fazer para elas comerem. Ficamos com medo. Criei as meninas pensando que um dia você está em cima e outro embaixo, mas com a mesma alegria e a mesma força. E a solução veio da mão delas”, conta.
A mãe diz que a filha mais velha, Julia, e Alice animaram os pais e deram a ideia de começar a venda dos brigadeiros. Além de ter uma renda para a casa, daria para ter uma comemoração para a filha.
“Me animei de novo. Minha filha mais velha, hoje tem 17 anos, mas quando fez 15, eu dei a opção de uma festa ou outra coisa, ela escolheu fazer curso de gastronomia. A Julia não achou justo sua irmã mais nova não ter a mesma oportunidade e se propôs a ajudar com os doces.”
Como Dany também é confeiteira, a ideia foi acolhida por todos. Com o dinheiro que recebeu do antigo emprego, a mãe pagou as dívidas e com o que sobrou comprou os ingredientes para fazer os doces.
“No mesmo dia eu sai correndo, compramos os ingredientes e cartolina. A Alice desenha muito e fez um cartaz bem bonito. Por volta das 20h30 daquele dia a gente já estava no farol vendendo”, relembra a mãe.
Com o entusiasmo da família, os 100 primeiros brigadeiros foram vendidos todos em menos de uma hora, na semana passada. No dia seguinte, lá estava a família vendendo em alguns pontos de Jundiaí.
As vendas foram interrompidas por alguns dias, pois Dany passou mal e ficou alguns dias no hospital. Com o dinheiro das vendas, compraram remédio para a mãe e a quantia para o aniversário de Alice zerou.
“Não perdemos a esperança e fomos vender novamente. Durante as vendas conhecemos algumas pessoas que nos deram algumas coisas. Uma pessoa deu um vestido para ela usar e choramos muito. Aí depois deram um dia de salão pra ela se arrumar e as pessoas foram ajudando.”
Alice fez 15 anos na sexta-feira (8) e a festa de comemoração será neste domingo (10). Com a decoração pronta, chácara e alguns acessórios, a jovem se anima para a festa que ela espera há muito tempo.
“Estou bem animada, quase não dormi hoje. Muito feliz. Não é muito, mas é o pouquinho que faz o muito. Um tem que apoiar o outro para ninguém desistir”, conta Alice.
Sonhos
Além do sonho de ter uma festa de 15 anos, a jovem tem o desejo de se tornar uma modelo internacional e até chegou a ter contato com o mundo da moda durante a quarentena.
Com 12 anos, a pequena era uma miniblogueira nas redes sociais e uma agência de São Paulo entrou em contato com a família para fazer um ensaio fotográfico. Ela passou no teste e o desejo foi brotando nela.
“Como todo sonho, o começo não é fácil. Não deu certo de início, mas eu me interessei pela moda e, durante a quarentena, agências de modelo entraram em contato comigo, mas a gente não tinha condições. Eu falei ‘deixa para quando tiver a oportunidade’. Eu não desisti desse sonho, está bem guardadinho, um dia vai acontece, igual a minha festa”, conta Alice.
Com orgulho, a mãe comenta sobre a união que todos da casa e que isso a motiva a continuar. A família ainda conta que vai continuar as vendas, pois é a única renda no momento.
A festa vai ser para algumas amigas da Alice e familiares. “Tudo que conquistamos foi junto. Aquilo doeu porque eu sei que ela queria a festa, então eu fui atrás e vai dar certo”.
*Sob supervisão de Paola Patriarca