Fechado, 1º clube-empresa do Brasil põe esperanças no Congresso

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União São João virou sociedade anônima em 1994 e está inativo desde 2015.

Por FolhaPress

O clube que é dono do estádio Hermínio Ometto, em Araras (SP), não entra em campo desde 2015. Mas o local ainda tem sua infraestrutura funcionando, com corte de grama, limpeza das arquibancadas e energia elétrica. Tudo isso pela esperança de que o União São João Esporte Clube possa voltar a jogar.

O primeiro clube-empresa da história do futebol brasileiro fechou as portas
para “não passar vergonha”, de acordo com José Mario Pavan, presidente da agremiação e um dos sócios da sociedade anônima que administrava o futebol.

A esperança dele é que a volta seja viabilizada por projetos de lei em
discussão e que incentivam as equipes brasileiras a se tornarem companhias
privadas. Algo que o União São João já é.

O União São João S.A tem CNPJ, mas está inativo. O União São João Esporte
Clube se licenciou na Federação Paulista. O clube que disputou a Série A do Campeonato Brasileiro quatro vezes, entre 1993 e 1997, terá de jogar a Segunda Divisão estadual caso retorne. Apesar da nomenclatura, trata-se do quarto e último patamar do futebol de São Paulo.

“Depois da Lei Pelé, o futebol brasileiro ficou elitizado. Esqueceram dos
times pequenos. Se não tiver o pequeno, não tem o grande. O jogador se
forma nos times pequenos. O Brasil hoje em dia tem carência de jogadores
por causa disso”, afirma Pavan.

Reclamar da legislação promulgada em março de 1998 é traço comum de
dirigentes de clubes de divisões menores, principalmente por causa da
extinção do que se convencionou chamar de “lei do passe”. Isso, segundo

Pavan, fez com que os empresários de futebol tivessem um poder que antes
era inédito. Até a entrada em vigor da Lei Pelé, o jogador ficava preso ao clube
mesmo depois que terminasse o seu contrato.

Esse não foi o único motivo para o União São João começar a enfrentar
problemas financeiros a partir de 2003, processo que culminou na sua
paralisação 12 anos depois.

“Eu procurava jogadores no Norte, Nordeste… Gostava de viajar pelo Brasil
descobrindo talentos e levava para Araras a custo zero. Quando isso acabou,
o clube começou a ter de investir mais no futebol”, diz Iko Martins, um dos
criadores do União São João S/A ao lado de Pavan. Ele hoje está afastado da
agremiação e da empresa.

A maior revelação da história do União São João foi Roberto Carlos. Vendido
por US$ 500 mil (cerca de R$ 2 milhões em valores atuais) para o Palmeiras em 1992.

Nos anos de bonança, o União movimentou tanto dinheiro que Pavan e
Martins assumiram também o futebol do Velo Clube de Rio Claro (174 km de
São Paulo) durante os anos 1990. Não deu certo.

A decisão de transformar o clube de Araras em empresa aconteceu em 1994,
com a criação de uma sociedade anônima. O fundador e financiador do
União São João, Hermínio Ometto, havia morrido em 1986 sem ver o time
chegar à primeira divisão estadual, o que aconteceu apenas em 1988.
Ele havia criado o time em 1953, mas com idas e vindas em torneios
profissionais.

Depois de encerradas as atividades, voltou em 1981. O empresário queria mantê-lo como Usina São João, negócio de cana-de-açúcar do qual era dono, mas as regras da Federação proibiam o nome de companhias nos clubes. Optou por União São João, mantendo a mesma sigla (USJ) e com as cores verde e branca do seu time do coração, o Palmeiras.

Com dificuldade para se equilibrar sem o dinheiro da família Ometto, Pavan,
Martins e outros diretores decidiram profissionalizar o futebol, com
executivos para diferentes setores e metas de resultados. Funcionou por
alguns anos, apoiado na fórmula de descobrir atletas baratos, usá-los por
uma temporada na equipe de Araras e depois vendê-los para grandes clubes, com lucro.

“Hoje em dia, time de interior que se dá bem e sobrevive é aquele que tem
subsídio de grandes empresas, como o Red Bull [hoje no Bragantino] ou Novorizontino”, diz Pavan.

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