Comissão médica diz que em competições nacionais de clubes, atletas transgêneros são liberados pelas federações nacionais
Uma reunião realizada nesta quarta-feira em Lausanne, na Suíça, entre os integrantes da comissão médica da FIVB (Federação Internacional de Vôlei) manteve inalterada a situação legal da oposta Tifanny Abreu para atuar na Superliga feminina. A jogadora do Vôlei Bauru vem causando muita discussão entre atletas, treinadores e torcedores, em que parte questiona vantagens físicas, especialmente em relação à força, que ela teria em relação a demais jogadoras, enquanto outra parcela defende seu direito de atuar entre as mulheres, após passar pelo tratamento hormonal e a cirurgia de adequação sexual.
Na reunião desta quarta, a comissão médica da FIVB, chefiada por Annie Peytavin, não alterou ponto algum da liberação feita após análise da comissão médica do COI (Comitê Olímpico Internacional), em 2015, que trata da questão de atletas trans no esporte olímpico. Mas reforçou que no caso de torneios nacionais entre clubes a responsabilidade da liberação dos atletas pertence às respectivas federações nacionais – no caso de Tifanny, caberia à CBV (Confederação Brasileira de Vôlei).
“Hoje fizemos avanços significativos em uma série de questões médicas que podem mudar a imagem do vôlei como a conhecemos. Um caso específico que foi tratado diz respeito a questão do atleta transgênero. A comissão médica da FIVB está empenhada em estudar mais esta questão, a fim de garantir que qualquer decisão tomada pela FIVB seja baseada nos dados e conhecimentos mais recentes nesta área. O objetivo é assegurar tanto em competições de quadra como de praia que se respeite a escolha individual de uma pessoa, ao mesmo tempo que assegure condições equitativas no campo de jogo. Para competições nacionais de clubes, a participação dos transgêneros é exclusivamente de responsabilidade das federações nacionais”, diz o comunicado da FIVB.
Pela legislação do COI, uma atleta transgênero está autorizado a disputar competições de alto rendimento entre mulheres desde que não produza uma quantidade de testosterona que ultrapasse 10 nanomol por litro de sangue, nos doze meses anteriores à competição. Após a Olimpíada de Inverno, que será realizada em PyeonChang a partir de 9 de fevereiro, esta resolução será novamente discutida pela comissão médica do COI.
O brasileiro Luis Fernando Lima, secretário-geral da FIVB, reconheceu que a questão de atletas trans no esporte de alto rendimento é complexa e necessita ampla discussão. “É importante considerar para tomar qualquer decisão, dado o impacto definitivo que trará aos atletas. Precisamos estar atentos à igualdade dentro das categorias de gênero e fazer isso com a ajuda de especialistas médicos, legais, éticos, entre outros. A FIVB trabalhará em estreita colaboração com o COI e a ASOIF [Associação das Federações Internacionais de esportes olímpicos de verão] para estarmos alinhados diante de um assunto tão sensível”, comentou, no mesmo comunicado.
A FIVB não tem previsão para que alguma alteração na norma que libera a participação de atletas trans seja modificada, mas o assunto segue sendo debatido internamente.
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