Segundo levantamento da pasta, a arroba do boi gordo estava cotada a R$ 180 no último dia 30. No início do mês passado, chegou a R$ 216.
Em nota à imprensa, o ministério estima que o preço da carne vai reduzir para o consumidor final. O cenário “indica uma acomodação dos preços no atacado, com reflexos positivos a curto prazo no varejo”, descreve a nota, a qual ainda acrescenta que a alcatra teve “4,5% de queda no preço nos últimos sete dias.”
Pelas projeções do Mapa, a arroba vai ficar entre R$ 180 e R$ 200 nos próximos meses, dependendo da praça. A queda do valor interrompe a alta de 28,5% que salgou o preço da carne nos últimos seis meses. A perspectiva, porém, é de que o alimento não volte ao patamar inferior. “Estamos fazendo a leitura de que isso veio para ficar, um outro patamar do preço da carne”, definiu o diretor do Departamento de Comercialização e Abastecimento do Mapa, Sílvio Farnese.
“Eu tenho certeza que o preço não volta ao que era”, reforçou Alisson Wallace Araújo, dono de dois açougues e uma distribuidora de carne em Brasília. Segundo ele, no Distrito Federal, o quilo do quarto traseiro do boi estava custando para açougues e distribuidoras de carne R$ 13,50 há seis meses. Chegou a R$ 18,90 em novembro, e, hoje, está em R$ 17,70.
Há outra razão para a provável estabilização dos preços em valores mais altos do que há um ano: com o mercado internacional tende a comprar mais carne brasileira, os produtores estão tendo mais gastos ao adquirir bezerros e a eventual recuperação econômica favorece o consumo de carne no Brasil.
Beneficiado pela perda de rebanhos na China e pela alta do dólar, no último ano, o Brasil ganhou mercado e vários frigoríficos foram habilitados para vender mais carne no exterior. Só em novembro, mais cinco frigoríficos foram autorizados pelos chineses a exportar carne. Em outros países também houve avanços. Mais oito frigoríficos foram aceitos pela Arábia Saudita no mesmo mês.
Um dos motivos de a carne brasileira ser competitiva no mercado internacional é porque ela é mais barata que a carne de outros países produtores, como a Austrália e os Estados Unidos, cujos gastos de criação dos bois são mais onerosos em função do regime de confinamento e alimentação. Já o gado brasileiro é criado solto em pasto.
Atualmente, o Brasil produz cerca de 9 milhões de toneladas de carne por ano, das quais 70% são consumidas internamente. A venda para o exterior, no entanto, é atrativa para os produtores e pressiona valores. “A abertura de um mercado que comece a receber um produto brasileiro ajuda o criador na formação de preço”, descreve Farnese.
A alta recente dos preços do boi está viabilizando a renovação do gado quando o preço dos bezerros está valorizado. A compra dos bezerros é necessária para repor o gado abatido nos últimos anos, inclusive de vacas novilhas.