Foco da febre amarela no verão será no litoral de SP e Vale do Ribeira

Haemagogus e sabethes, mosquitos transmissores da febre amarela, são silvestres
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Doença, que retornou à Mata Atlântica, não tem a mesma magnitude de 2018, mas continua em circulação; dengue deve emergir, segundo especialista.

No verão passado, a febre amarela provocou uma epidemia no país. Neste verão, com uma cobertura vacinal maior, mas ainda baixa – apenas 60% dos brasileiros estão imunizados –, a doença não apresenta a mesma magnitude, mas continua em circulação, principalmente no litoral de São Paulo e no Vale de Ribeira, de acordo com Maurício Nogueira, presidente da Sociedade Brasileira de Virologia.

No verão passado, a febre amarela provocou uma epidemia no país. Neste verão, com uma cobertura vacinal maior, mas ainda baixa – apenas 60% dos brasileiros estão imunizados –, a doença não apresenta a mesma magnitude, mas continua em circulação, principalmente no litoral de São Paulo e no Vale de Ribeira, de acordo com Maurício Nogueira, presidente da Sociedade Brasileira de Virologia.

“O vírus retornou à Mata Atlântica, por onde foi introduzido no século 18. Migrou com a população europeia para o interior de São Paulo, movimentando-se até a Amazônia, e agora está fazendo o caminho de volta. Hoje, é uma doença endêmica em todo o Brasil”, afirma.

Nas últimas semanas, dois homens morreram com suspeita de febre amarela e outras seis pessoas estão internadas com sintomas da doença na cidade de Eldorado, no Vale do Ribeira, região sul do Estado de São Paulo.

“A febre amarela está circulando neste momento em Eldorado, Jacupiranga e Iporanga, que são bem próximos à fronteira do Paraná”, afirma Helena Sato, coordenadora de imunização da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo.

Para o médico e doutor em microbiologia, os casos da doença no Vale do Ribeira não são uma surpresa. “O fato de ter morte de macacos e casos de febre amarela neste verão não me surpreende, já que a circulação do vírus nessas áreas era prevista. O que me surpreende é ver gente morando em área de mata que não se vacinou ainda”, diz.

Quem se vacina protege quem não pode se imunizar

Nogueira ressalta que todos devem se vacinar, independentemente de frequentar áreas de mata. “O Ministério da Saúde colocou o país inteiro como área de vacinação. Então, é preciso vacinar toda a população brasileira, mesmo quem não vai para área de mata ou borda de mata”, afirma.

Segundo Nogueira, quem não foi imunizado está correndo risco. “As pessoas que não podem tomar vacina estão protegidas pelas pessoas ao redor que estão vacinadas. Esse é o ponto fundamental da vacinação”, diz.

Mesmo prologando a campanha de vacinação contra febre amarela, no ano passado, o país não conseguiu atingir a meta de 95%, segundo o Ministério da Saúde.

Cobertura vacinal no Estado de São Paulo é baixa

A menor cobertura vacinal foi registrada no Alagoas, com apenas 32% da população imunizada – os dados do Ministério são preliminares. Já o Distrito Federal e Roraima atingiram 100% da cobertura vacinal.

Já no Estado de São Paulo, considerado o provável epicentro da febre amarela neste verão, a cobertura é de 65%, em média, com variação entre as regiões, segundo a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo.

“Na Baixada Santista, o percentual é de 65%. No Vale do Ribeira, de 66% e, no Vale do Paraíba e Litoral Norte, de 85%”, informou a secretaria por meio de nota, em referência aos locais com maior circulação do vírus no momento.

Em 2018, houve 503 casos de febre amarela confirmados no Estado, sendo que 176 evoluíram para morte.

Já Minas Gerais, que passou por epidemia a partir de 2016 e dispõe de cobertura vacinal de 91%, apresentou de junho de 2017 a junho de 2018, 527 casos confirmados, dos quais 178 evoluíram para óbito, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais.

Já no período de 2016/2017, houve 475 casos confirmados de febre amarela, com 162 mortes.

Os dados mais recentes do Ministério da Saúde sobre a febre amarela foram divulgados em 17 de dezembro e correspondem ao período sazonal de 1º de julho de 2018 a 30 de junho de 2019. De acordo com este boletim, o país registra 383 casos da doença confirmados e uma morte.

O boletim do Ministério considerou o perído sazonal de 2017/2018 como “surto mais expressivo no Brasil, que afetou principalmente os Estados da região Sudeste, quando foram registrados 1.376 casos e 483 óbitos”.

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, neste verão, a dengue tende a emergir. “Já há um aumento significativo dos casos de dengue no Estado de São Paulo”. O país fechou o ano de 2018 com 247 mil casos de dengue, cerca de 8 mil casos a mais do que o ano anterior.

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