Garota sofre estupro coletivo, e família relata dificuldade para denunciar

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2 dos 5 suspeitos foram presos 17 dias após o crime contra adolescente.

O caso da adolescente de 15 anos que sofreu um estupro coletivo em Manaus ocorreu no dia 12 de fevereiro, mas a família da jovem denuncia que houve descaso das autoridades em investigar o crime. Dois dos cinco suspeitos de participação no abuso foram presos apenas nesta sexta-feira (1º), mais de 15 dias depois do ocorrido.

Em entrevista exclusiva à Rede Amazônica, a vítima relatou as horas de terror que passou com os criminosos. “Eu fiquei, acho que, umas quatros horas sendo abusada… sem parar”, contou. “Parece que é tudo um pesadelo, parece que eu não consigo acordar disso…”, acrescenta.

A menina saía todos os dias de casa para uma escola na Zona Leste de Manaus. No dia 12, um conhecido da família a acompanhou, mas, em vez da escola, a levou para uma casa, onde ela foi violentada por ele e outros quatro homens – um de cada vez.

Segundo a menina, Daniel, um dos presos nesta sexta-feira, foi o mais violento, e o último a estuprá-la. “Ele foi o último. E eu já não aguentava mais. Mas ele forçava, tentava a toda hora, ele segurava meu braço quando eu tentava empurrar ele pra parar”, lembra.

Depois de conseguir voltar para casa, a menina passou por mais sofrimento, quando ela e a mãe tentaram registrar Boletim de Ocorrência do crime.

“Ligamos pro 190, paramos uma viatura e fomos em duas delegacias e nada”, disse a mãe da menina.

Na última delegacia, ela recebeu orientação para procurar um hospital. Ela foi internada imediatamente na maternidade Moura Tapajóz, onde passou por três cirurgias. Os próprios médicos acionaram a Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca).

Ao mesmo tempo, a vítima e a família começaram a ser ameaçadas pelos homens envolvidos no crime.

Demora até prisões

O primeiro pedido de prisão foi feito no dia 21 de fevereiro, pela Depca, em caráter de urgência. A delegada Joyce Coelho relatou o estupro e as ameaças. No entanto, a promotora Romina Brito Carvalho encaminhou o caso para uma vara criminal especializada. Com isso, o pedido demorou mais cinco dias para ser analisado.

“O Ministério Público decidiu, opinou, que não era caso de ser analisado em plantão, porque havia uma investigação em curso, de data muito anterior ao início do plantão”, justifica a promotora.

O Conselho de Proteção à Criança e ao Adolescente vai entrar com ação no MP.

Prisões

Na manhã desta sexta, Daniel de Oliveira Lima e Bruno Leonardo dos Santos foram presos. Na delegacia, eles não quiseram falar com a imprensa.

Segundo a polícia, Daniel seria chefe do tráfico local e responsável pelas ameaças, e Bruno foi a pessoa que levou a vítima até os outros criminosos.

“Os dois presos confessam. Admitem o crime. Inclusive, nomearam outros integrantes que até então não tínhamos a qualificação. A desculpa de todo estuprador é que a vítima queria. Nenhuma mulher quer ser estuprada, nenhuma vítima quer ser estuprada. Então, principalmente, violentada da forma que foi”, aponta a delegada Joyce Coelho.

Enquanto convive com o trauma e o medo de novas ameaças, a família espera que todos os envolvidos sejam presos. Outras três pessoas ainda não foram localizadas. “Isso é muito revoltante, porque minha filha poderia ter morrido. Por questões de minutos, ela não morreu”, diz a mãe da vítima.

O outro lado

A Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM) disse que determinou à Corregedoria Geral do Sistema de Segurança a abertura de uma sindicância para apurar os fatos.

*Colaboraram Alexandro Pereira, Cesar Nunes, Daniela Branches, Fernando Henrique e Luciane Marques, da Rede Amazônica.

Na delegacia, dupla não quis falar com a imprensa — Foto: Ive Rylo/G1 AM
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