Getúlio Vaz Eduardo Júnior, de Ribeirão Preto (SP), está recuperado da doença há quatro anos. Diagnóstico masculino representa 1% do total de casos no país, diz Inca.
Por Vinícius Alves, G1 Ribeirão Preto e Franca – Ao descobrir o câncer de mama em junho de 2016, o açougueiro Getúlio Vaz Eduardo Júnior, de Ribeirão Preto (SP), entrou para as estatísticas, ainda que raras, de homens diagnosticados com a doença no Brasil. Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o público masculino representa 1% do total de casos no país.
Curado após oito sessões de quimioterapia, 28 de radioterapia e cirurgia para retirada do nódulo, Vaz Júnior faz, hoje, tratamento apenas com o uso do medicamento Tomaxifeno uma vez ao dia e destaca a importância da prevenção para os homens.
Pai de cinco filhos, o açougueiro, que na época tinha 47 anos, foi diagnosticado com câncer de mama uma semana após o nascimento da caçula.
Vaz Júnior achou estranho um caroço que apareceu no peito esquerdo. De início, pensou que fosse por conta da gordura, mas o quadro foi se agravando e ele procurou um posto de saúde.
Lá, foi orientado a ir à Santa Casa de Ribeirão Preto. Durante um exame de ultrassom, o médico avaliou e, após biópsia, o câncer de mama foi constatado.
Prevenção
Embora raro, o câncer de mama nos homens é mais fácil de ser detectado do que nas mulheres, segundo a oncologista Cristiane Alves Mendes Parizze.
Ela explica que a glândula mamária masculina é menor e é menos exposta ao estrogênio, principal hormônio relacionado ao desenvolvimento da mama.
“Como não tem muita glândula no homem para o tumor crescer, ele acaba chegando mais rápido no mamilo e na pele. Na medida em que o homem se conhece mais, quebra esse tabu de se tocar, de se conhecer, ele vai conseguir fazer o diagnóstico mais precoce”, afirma.
Cristiane fala que os dois tipos de câncer de mama mais comuns nos homens são o carcinoma lobular invasivo, com origem nas células que produzem o leite, e o carcinoma ductal invasivo quando a parede do ducto mamário é rompida e o tumor cresce no tecido adiposo da mama. Nas mulheres, eles também aparecem com mais frequência.
Para detecção do tumor masculino, a médica diz que há exames de mamografia, mas eles não são tão fáceis de detectar o problema, pois, na maioria dos casos, não há tamanho suficiente para a mama se encaixar no equipamento. No caso dos homens, então, é necessário associar o exame à radiografia, biópsia e tomografia.
“Os sintomas mais comuns nos homens são caroço no mamilo, retração no mamilo, geralmente dor na mama e secreção pelo mamilo. Não significa que é tumor, mas há grande chance de ser”, explica.
Ainda de acordo com a médica, os casos masculinos de câncer de mama podem estar ligados à genética. Veja os principais fatores.
- Idade acima de 50 anos
- Casos de 1º grau na família (homem ou mulher)
- Já ter feito radioterapia no tórax antes dos 30 anos
- Exposição à medicação que aumenta o estrogênio
- Alteração de cromossomos
- Bebida alcoólica em excesso
- Sobrepeso e obesidade
- Lesões nos testículos
Como prevenção, a oncologista orienta que o homem faça mais atividade física, controle o peso, diminua a quantidade de uso de bebida alcoólica e, caso tenha diagnóstico da família, faça um acompanhamento médico.