Francisco Belarmino Tenório disse que a vítima partiu para cima dele quando ele estava com a arma nas mãos, em São Carlos (SP). Versão diverge de outras colhidas por delegado da DIG.
Por G1 São Carlos e Araraquara
O homem suspeito de ter matado o cunhado em uma briga por ele estar ‘cantando alto’ e incomodando os vizinhos, em São Carlos (SP), se entregou à polícia nesta terça-feira (25).
Francisco Belarmino Tenório, de 56 anos, confessou ter matado o cunhado Carlos Augusto Teixeira dos Santos, de 34 anos, durante uma briga familiar no bairro Eduardo Abdenur, em 14 de setembro, e alegou legítima defesa.
Segundo o delegado da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), Gilberto de Aquino, os depoimentos do autor dos disparos e da sua mulher, que é irmã da vítima, são divergentes.
A promotoria pediu a prisão preventiva de Tenório, mas segundo o delegado, o juiz quer que a polícia colete mais informações antes de decidir ou não pela prisão. O homem foi liberado após o depoimento.
Briga
A mulher, que foi arrolada como testemunha, disse que o irmão e o marido entraram em luta corporal após Tenório chamar a atenção de Santos quando ele chegava em casa, por conta da música alta que ele colocava no celular. Segundo Tenório, a música incomodava os vizinhos que haviam reclamado.
Após a briga, de acordo com a testemunha, o irmão teria ido para o quarto dizendo que pegaria suas coisas para ir embora e o marido teria ido para o seu quarto e fechado a porta. Em seguida, ele teria saído com a arma e ido ao quarto onde estava a vítima e efetuado dois disparos.
“Um deles a irmã conseguiu interromper e o outro acertou a vítima na frente da irmã e da filha dela de 7 anos”, disse o delegado.
Segundo a irmã, ela não entendeu o motivo da discussão. “Nem ela sabia desse incômodo [com a música do celular]. Ela disse que ficou surpresa com a atitude do marido de chamar a atenção do irmão dela naquele momento. Como ele chegou do bar, ela achou que era por isso”, afirmou o delegado.
Versão do atirador
Segundo Aquino, o depoimento de Tenório não coincide com o da sua mulher.
“Ele [acusado] fala que estava na sala, com a mulher e a enteada, onde teria pegado no sono. Assim que ele acordou, a vítima [cunhado] chegou cantarolando, com o som do telefone ligado, e ele [acusado] teria chamado a atenção dela”, disse o delegado.
O homem disse à polícia que, após a briga, ele teria se trancado no quarto e Carlos Alberto teria batido na porta “chamando para a briga”.
Ele teria saído do quarto com a arma na mão pois o cunhado, segundo ele, era maior do que ele, e durante a luta, acabou efetuando os tiros.
Tenório alega legítima defesa e como prova mostrou uma foto com o olho ferido. Disse que não tinha a intenção de matar, mas que a arma estava na mão dele na hora que a vítima veio para cima dele. Após depoimento ele foi fazer exame de corpo de delito.
Depois de atirar no cunhado, Tenório disse que saiu para a rua e entregou a arma a um vizinho dizendo para se livrar dela. O revólver, segundo disse à polícia, foi comprado por R$ 1,5 mil de um desconhecido quando ele mudou-se para a casa da companheira.
O delegado pretende ouvir mais testemunhas e confrontar os depoimentos. Segundo ele, a versão do acusado não bate com o relato policial de onde a vítima foi encontrada morta e nem do destino da arma, que foi localizada dentro do carro de Tenório que estava na garagem. Ele não tem posse de arma.
Além disso, vizinhos ouvidos pela polícia não confirmaram que se sentiam incomodados pelo barulho do celular da vítima.
Escondido
Tenório passou os últimos dias escondido na casa de uma irmã. Mas logo no início das investigações, o advogado dele havia entrado em contato com a polícia para tratar da sua rendição.
“A irmã lamenta, diz que o casal tinha um ótimo relacionamento. Fala que foi uma fatalidade porque o outro chegou bêbado. Sim foi uma fatalidade, só que foi uma fatalidade porque o outro tinha uma arma de fogo. Se ele não tivesse essa arma teria tido uma agressão mutua, lesões corporais”, afirmou Aquino.