Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, informou domingo (4) que mantém recomendação para que missas sejam virtuais, acompanhando a fase emergencial do Plano São Paulo. No sábado (3), ministro Nunes Marques liberou celebrações religiosas presenciais coletivas.
O arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, informou neste domingo (4) que mantém a recomendação pela suspensão das missas presenciais, mesmo após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de permitir celebrações religiosas coletivas em todo o país.
Na noite de sábado, o ministro Nunes Marques, do STF, determinou em caráter liminar (provisório) que estados, municípios e o Distrito Federal não podem editar normas de combate à pandemia do coronavírus, que proíbam completamente celebrações religiosas presenciais, como cultos e missas.
Sobre a decisão, Dom Odilo disse que as medidas adotadas pela Arquidiocese de São Paulo, a terceira maior arquidiocese católica romana do mundo, independem de decisões judiciais, e que mantém a recomendação pelo distanciamento social.
“A nossa recomendação de celebrar sem a presença do povo nas igrejas não veio de uma proibição: nossa posição vem da preocupação pela situação da pandemia, que está muito grave, com muitos doentes e mortos”, explicou o cardeal neste domingo no programa “Diálogos de Fé”, que ele apresenta na Rádio 9 de Julho, da Arquidiocese de São Paulo.
No dia 12 de março, Dom Odilo publicou uma carta repercutindo entre os bispos, párocos e fieis o decreto estadual que determinou a fase emergencial do Plano São Paulo, com maiores restrições para evitar a aglomeração de pessoas.
No comunicado, ele orientou para que as igrejas se mantenham abertas entre 6h e 19h30, limpas e ventiladas, apenas para a visita e a oração individual dos fieis, com aferição da temperatura corporal, uso de máscara, disponibilização de álcool em gel e distanciamento físico. Ele também indicou que as celebrações das missas deveriam ocorrer sem público, mas com transmissão pelas redes sociais.
“Enquanto isso, esperamos que a vacinação chegue em breve a toda a população, de maneira que, com o cumprimento do dever das autoridades públicas e a colaboração da população, possamos ficar livres dos males presentes e voltar a uma vida serena”, escreveu Dom Odilo na ocasião.
Nesta tarde, a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) pediu nas redes sociais para que o presidente do STF, ministro Luiz Fux, se manifeste sobre a decisão de Nunes Marques.
Celebrações no estado de SP
Celebrações religiosas, como missas e cultos, estão proibidos de ocorrer presencialmente em todo o estado de São Paulo até o dia 11 de abril. A restrição está vigor desde o dia 15 de março, quando começou a fase emergencial em todo o estado de São Paulo, que prevê regras mais rígidas do que a fase vermelha da quarentena na tentativa de aumentar o isolamento social e conter o avanço da pandemia da Covid-19.
As igrejas, contudo, podem permanecer abertas para receber individualmente os fiéis e doações. É possível também a realização de cerimônias online, como ocorreu nesta Sexta-Feira Santa no município de Serrana, região de Ribeirão Preto e Franca, e também na cidade de Marília.
Na quinta-feira (1º), a Procuradoria-Geral da República e a Advocacia-Geral da União (AGU) enviaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) manifestações pela suspensão de decretos locais que proíbam cultos, missas e atividades religiosas.
O pedido da PGR foi inclusive anexado a uma ação do PSD contra o decreto do governador João Doria, que vedou a realização de cultos, missas e outras atividades religiosas de caráter coletivo no estado.
O procurador Augusto Aras destacou na manifestação ao STF a necessidade de que a suspensão da proibição seja imediata para que, assim, seja possível celebrar a Páscoa.
As demandas da PGR e da AGU foram feitas no dia em que o Brasil encerrou o pior mês da pandemia. Foram 66.868 óbitos só em março e o país superou a marca de 300 mil mortes pela doença. Em nota, o governo do estado reforçou que os cultos e celebrações presenciais seguem proibidos durante fase emergencial do Plano São Paulo.
A gestão João Doria lembrou que as celebrações podem ser realizadas virtualmente, e que os templos, igrejas e demais espaços religiosos podem ficar abertos para manifestações individuais de fé, desde que respeitando o distanciamento social, com uso de máscara e aferição da temperatura.