Novo modelo proposto pela indústria prioriza ensino profissional como base para o sucesso no mercado de trabalho.
As novas tecnologias trouxeram muitas mudanças para a vida dos brasileiros. Mais informação, facilidade, novos hábitos e novas oportunidades transformaram também o mercado de trabalho. O campo vem sofrendo com a falta de profissionais capacitados para interagir com as novas tecnologias e métodos de produção, o que traz efeitos negativos sobre a produtividade, a competitividade e o crescimento do país.
Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em 2016, apontou a importância da educação para a consolidação da indústria do futuro no país. No total, 42% das empresas industriais consultadas consideravam que o investimento em novos modelos de educação e em programas de treinamento seria uma das principais medidas para acelerar a adoção de tecnologias digitais.
Esta é uma das sugestões encaminhadas pela CNI aos candidatos à Presidência da República. O objetivo é construir, nos próximos quatro anos, uma economia mais produtiva, inovadora e integrada ao mercado internacional.
Segundo o diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Rafael Lucchesi, o Brasil tem caminhado nessa direção, já que a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC), aprovada em 2017, propõe a inserção de disciplinas mais técnicas no currículo escolar que ajudarão os jovens a se prepararem para o mundo do trabalho. No entanto, além de seguir a nova base curricular, Lucchesi explica que muitas mudanças ainda são necessárias para colocar em prática um novo modelo de educação.
“A primeira mudança a ser feita é melhorar a qualidade da educação. Isso começa por melhorar a gestão da escola, ter maior eficácia da aplicação dos recursos e valorizar a carreira do professor, que é fator fundamental de sucesso do sistema educacional. Depois, a escola tem que estabelecer uma relação que potencialize os jovens a realizarem seu projeto de vida e que facilite o ingresso desses jovens no mercado de trabalho”, afirma.
Em países mais desenvolvidos como Alemanha, Dinamarca, França, Portugal, mais da metade dos alunos do ensino médio cursavam ensino profissional, em 2015, conforme o Centro Europeu de Desenvolvimento da Formação Profissional (Cedefop). Na Áustria e na Finlândia, por exemplo, o percentual de jovens que cursam este tipo de ensino era cerca de 70%. Já no Brasil, apenas 11,1% estão matriculados em programas de formação profissional, segundo o Censo Escolar da Educação Básica de 2017.
Para Lucchesi, a experiência destes países mais desenvolvidos deve ser seguida pelo Brasil, já que a educação profissional facilita o acesso ao mercado profissional, colocando o estudante um passo à frente daqueles que não têm experiência com a futura profissão. “O sistema educacional propicia a cada indivíduo uma identidade social que vai ser decisiva para esse indivíduo ter um reconhecimento profissional”, destaca.
Oportunidades no mercado de trabalho
A demanda de profissionais com formação em ocupações industriais será de aproximadamente de 13,3 milhões, entre 2018 e 2021, de acordo com levantamento do SENAI. Desse número, mais de 2,1 milhões de trabalhadores precisarão ter formação técnica para ingressar no mercado de trabalho.
A professora do Departamento de Administração da Universidade de Brasília (UnB), Débora Barem, destaca que é necessário acompanhar a multidisciplinaridade trazida pelas inovações tecnológicas. Segundo Débora, a melhor maneira de adaptar os jovens ao novo cenário do mercado de trabalho é integrar teoria e prática, por meio do ensino técnico.
“O curso técnico ajuda o indivíduo a entender que não pode ficar só na teoria. Vai aprender fazer, pegar numa máquina, construir, construir habilidade técnica. São investimentos a curto prazo. Em cinco, dez anos, será possível mudar a realidade do país”, ressalta.
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